22.7.12

começa por a


Quando o vazio da tua ausência enche o ar, este torna-se pesado e sufocante.
As minhas mãos tremem na testa latejante, esta fervendo como um incêndio que devasta todas as formas de vida no seu caminho. 
Arrasto-me para as formas brancas redondas que me prometem a paz de espírito, mas de que servem materiais e fórmulas contra a força dos elementos, o verdadeiro motivo de existirem, o mestre que os controla, aquele que tantos dizem sentir. É, muitos o dizem, mas quantos foram os que realmente sentiram uma mão de garras afiadas penetrar-lhes o peito e torcer-lhes o orgão que bombeia o plasma e os leucócitos, as hemácias e as plaquetas, os que sentiram duas correntes de aço entrelaçarem-se em redor do pescoço, os espasmos de dor e prazer a debaterem-se dentro do estômago? Sentimento demasiado avassalador para um corpo humano, demasiado grande, demasiado forte. Sentimento criado pelas próprias deusas, Afrodite e Vénus, essas tão maravilhosas ninfas que na verdade são só uma, essas que anseiam ser o que criaram e sentir o que não podem. E por isso manifestam todos os desejos do ar que não podem respirar soprando-o até um amaldiçoado, um inocente que será submetido a uma toda vida em torno de uma toda pessoa. 
Divago, divago, digo tanto sem dizer nada, mas não é assim mesmo? É, é assim que sempre foi, é assim que acontece quando um ser tão pequeno e fraco tenta descrever uma palavra que nem tem coragem de pronunciar.

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