22.12.12

amo-te e...


A esses teus olhos brilhantes. À tua pele quente. Às mãos macias e dedos de pianista. Aos braços que me apertam e ao peso que me sufoca. À tua voz. Ao mel que trazes nela. Ao carinho com que me olhas. Ao teu nariz. Aos teus lábios doces. Ao teu sorriso tão belo e às covinhas nas bochechas. À barba por fazer. A cada sinal no teu corpo. Às palavras e ações. Ao amor que me entregas e à felicidade. À felicidade que tento devolver. Ao modo como me levantas no meio de um abraço. Às gargalhadas agudas. À respiração apertada. Ao bater do teu coração. Ao teu cheiro. Ao ar que respiras. À vida que trazes em ti. À tua alma. À canção que surge quando avanças para mim. Às folhas pontapeadas por distração quando andamos de mãos dadas. Aos beijos no pescoço. Às carícias na face. À tua cabeça no meu ombro e à minha no teu colo. Às estrelas por cima de nós. À chuva nos nossos rostos. Ao Outono que se foi. À música que não tocou. Às memórias que criamos e aos tempos que ainda vou passar contigo. E, quem sabe? Talvez sejam eternos.

21.12.12

go away


Desgastas-me. Voltas para mim sem prévio aviso e eu, tola, arco com as consequências da tua vinda. És como um elástico: estico-te para longe, longe, cada vez mais longe, e quando penso que te esqueci és largado e embates em mim com mais força do que eu pensara possível. Desta vez devo ter esticado mais do que o habitual, porque nunca tinha doído tanto, não desde que estou com ele. E não entendo o porquê. Não foi uma foto nem um vídeo, nem uma palavra nem um texto. Simplesmente voltaste, como as andorinhas voltam para a Primavera quando esta regressa, mas tu não vieste na tua altura, e tu não estás cá. És a dor constante e o medo que me sufoca, és lágrimas derramadas no silêncio das noites mais frias de dezembro. Sou iludida pelo coração que me bate no peito, destroçado por ti. Quem te deu o direito de o tomares como um ponto de passagem? Vais e vens, ao sabor do vento: ficas apenas tempo suficiente para me magoar e vais tempo suficiente para um esquecimento ilusório. Deixas só lágrimas salgadas e soluços interrompidos. Já não sei quem és, mas sei quem foste, e sei que te amei como sei que te amo. Sei que não te esqueço como pensei estar a esquecer e que ainda ocupas o meu pensamento. Constantemente. Sem querer. Mas eu tento afastar-te outra vez, até ao dia em que não voltes a mim. Até só me restarem as memórias; de como foste tão meu, de como eu fui só tua.

partiste


És uma lágrima derramada
És tudo e és nada
És a história incabada,
A mentira que não foi contada
Mas ainda vives em mim

E procuro-te
sem te querer encontrar
E navego no mar 
de memórias
com medo de me afogar
E sonho contigo
quando só quero acordar
E amo-te
quando te devia odiar

Tudo o que vem
Vai
E tudo volta
Mas tu não voltaste
E ficaste
nas sombras do nada
Como uma história inacabada
E uma mentira
que nunca foi contada

11.12.12

meu amor


És chá de menta e os croissants folhados recheados de creme com os quais ainda me hei-de deliciar em Paris. És chocolate quente num copo de cartão com corações desenhados e és o calor do meu Inverno. És a lareira, o cobertor e as luvas. Confortas-me como um abraço há muito esperado que parecia não vir e quando não estás deixas um vazio em mim. És os beijos trocados por um casal de apaixonados e o chilrear dos pássaros pela manhã. És as primeiras borboletas da Primavera. És o que eu nunca tive e sempre sonhei ter. És uma caixa de chocolates com recheio de caramelo, és a música que canto e não me sai da cabeça. És os vidros embaciados e uma canção de embalar. És a almofada que abraço, o som que sufoco e o grito. És o grito. Que explode na minha garganta e voa livre no céu frio. És a gargalhada infantil que me provocas. És a doçura do açúcar que trazes nos lábios. És os arrepios que o teu toque me causa. És lágrimas de felicidade e olhares cúmplices. És amor, paixão, carinho, amizade, alegria, felicidade e euforia.
E és o amarelo da flor que sobreviveu ao frio do Outono.

10.12.12

dei-te o melhor de mim


Estou deitada na cama sem poder mexer o corpo que é meu, a minha mente vagueia pelos lugares mais sombrios que tentei enterrar sob areias movediças. As paredes do meu quarto fecham-se sobre mim com palavras pintadas nelas, grandes e pequenas, inconstantes, com tinta preta. Palavras essas que narram uma só história, tu sabes qual, a nossa. A história que levamos mais de dois anos a escrever, tinta da china e pena branca no papel que não sobreviveu às lágrimas derramadas sobre ele. Um momento e tudo regressa, sou envolta em ondas de sentimentos antigos que não me deixaram, não me deixaste. Ainda vives em mim, e preferes deixar-me só na confusão de emoções incompletas, palavras inacabadas, que voltares-me a dirigir a palavra, será mesmo melhor assim? Destroça-me o coração. Como podem duas pessoas amar tanto e tão intensamente, construir muralhas em volta de um sentimento tão grandioso e depois tornarem-se completos estranhos?
Interrogo-me no que farias se passasses por mim na rua. Se os teus olhos voltarem a cruzar os meus, se voltares a sentir o meu aroma, se voltares a vislumbrar a imagem daquela que foi só tua, pele pálida e fria, olhos escuros e lábios secos, o que sentirás? Nada, ou tudo, alguma coisa? Rolar-te-á uma lágrima no rosto ao sentires a perda, ou já perdeste todo e qualquer amor que outrora sentiste por mim? Porque é mais que óbvio que o mesmo não aconteceu comigo.
Não te quero de volta, coração, ou pelo menos tento não te querer. Voltei a amar, mas não te esqueço. Guardo-te em mim como um medalhão banhado a ouro numa caixa em forma de coração.
Porque o primeiro amor nunca se esquece.

1.12.12

eras o meu outono


Eras o calor nas minhas faces nas noites mais quentes, eras o frio nos meus pés nas tardes mais gélidas. Eras o orvalho que escorria nos trevos de quatro folhas, eras o sol refletido nas tábuas saídas e telhas partidas. Eras o cheiro da relva acabada de cortar, eras o sabor dos primeiros flocos de neve. E eras a força da chuva. Eras a graça do sol. E a dança do vento com as folhas amarelas, vermelhas, rosadas e castanhas. Eras uma palete com todas as cores, e eu pintava com os dedos nas paredes brancas do meu coração. Eras amor e eras ódio. Eras a luz e as trevas. Eras fogo e eras gelo, eras tudo e eras nada, o concreto e o abstrato, o impossível. 
Mas eras sempre muito, e nunca foste pouco.
Foste a chuva quente de julho e o sol a espreitar no céu de fevereiro. Foste o chocolate quente nas mãos e o chá gelado nos lábios. Foste o cheiro das primeiras flores de uma nova primavera, foste os ramos despidos a abanar ao vento. Foste acordes e notas da música mais bela, e eu dançava em bicos de pés. E foste a luz pálida da manhã. Foste as estrelas na noite escura. Foste o desejo que não se realizou e a carta que não recebi. E foste a dor. Foste a dor constante e foste lapsos de alegria que pareciam não passar de ilusões. Foste o sim e o não. Foste o talvez. 
Mas foste sempre muito, e nunca serás pouco.