25.12.13

useless



Perco-me em textos antigos e percebo o quão parva fui por crer em algo que nunca existiu, mentiras que me contavas sem um porquê, só porque sim, só porque sabias que podias, porque eu não te dizia que não, nunca te disse que não. Tudo o que te dizia era com amor, fruto do que senti por ti, sentimento esse que só tu provocaste, com palavras doces banhadas em mel e ilusão, porque não passaste disso. Tapavas-me os olhos e sussurravas-me ao ouvido, tocavas os meus lábios ao de leve e deixavas-me assim, perdida em ti, mesmo sem cá estares. Porque a tua presença estava em mim e, mesmo agora, quando te tento sacudir, as palavras que me dizias ressoam na minha mente antes de adormecer. E a quantas mais as disseste? Quantas mais vezes proferiste essas palavras ocas, que nada significavam para ti? Quantas mais foram, como eu, nesse teu engano azul e vasto como o oceano que são os teus olhos?
Espero que tenha valido a pena.

sê meu



Não tem sido fácil.
A tua voz continua a arrepiar-me; o teu toque preenche-me de energia. E não poder tê-los, não te poder ter, quando te quero e preciso, não te poder ter por inteiro; dói, e magoa. Mas pior do que não te poder ter é não quereres que eu te tenha; nem me quereres com a mesma intensidade, o mesmo sentimento que te entrego, a mesma vontade louca de algo maior. Porque, sabes? Eu tenho-na. Em toda mim; no coração, na mente. Na ponta dos meus dedos quando te escrevo, na tinta da caneta quando desenho, em todas as lágrimas que chorei por ti antes de adormecer, eu tenho-na. Mas fazes-me falta, meu doce, eu só não te digo, porque custa-me mais magoar-te do que esconder os meus reais sentimentos. 
Então vou-te amando em silêncio e devagar, como passinhos de lã de uma criança curiosa na manhã de Natal. Vou-te amando sem dizer, em músicas de piano trauteadas sem letra; em danças nas pontas dos pés; em gotas de chuva. Gotas essas que nos molharam os beijos naquele dia de que te lembras tão bem, de que eu não me esqueço. Chuva, beijos e palavras que não foram ditas, mas que, mesmo assim, foram ouvidas, porque sabes bem o que eu não te disse, sabes o que eu sinto.
Então entrega-te a mim, sem medos. Aceitarei o teu coração e guardá-lo-ei numa caixinha forrada a ouro, dentro de outra, e de outra, e de outra, dentro de caixas suficientes para que quem mo queira roubar mude de ideias, para que esteja seguro. Protejo-o com a minha vida, se mo deres, e se aceitares o meu, que já te pertence.
Mas para isso tens de deixar o medo de lado, meu amor.
E isso também não será fácil.

31.10.13

you're falling away


Tentei sacudir-te de mim. Como resultado consegui apenas que me agarrasses toda outra vez, cada pedaço de mim que nunca quiseste que fosse teu, estás em cada um deles. Por mais que te tente afastar, desprender-me de ti, deixar de te ter sempre presente no meu pensamento... Já é tarde. Deixei que fizesses parte de mim, deixei que entrasses no meu coração e agora não há forma de estacar a dor que causaste ao sair, dizendo que foi um erro, fui um erro?
Estás em mim da forma que eu quis estar em ti. Estás em todas as canções de amor que ouço, em todas as lágrimas que choro e em todas as gotas de chuva que vejo cair. E, quando não há chuva, estás no céu, céu esse que, mesmo assim, nunca conseguirá imitar a cor dos teus olhos. Será que é tudo por isso? Por esses olhos cor de mar que me enfeitiçaram desde o primeiro momento?
Não. É que, sabes, olhos azuis há muitos. Mas tu és raro. Todo tu és uma raridade e fascinas-me, a forma como me tiras as palavras, a forma como me fazes chorar, a forma como me deixas tão enraivecida que me dói o coração. Fascina-me a forma como me fazes sentir, sentir tão intensamente. E, ao mesmo tempo, sufoca-me. Por ser tão em vão, tão inútil, porque nada foi verdade e ainda assim eu acreditei, porque é que fui acreditar? Talvez porque te queria, porque te quero, mesmo sem te poder ter.
Mas és tudo o que eu queria.

21.10.13

ocean eyes (V)




Deixo-te ir embora,
pairando ,
nesse oceano 
que são os teus olhos,

Porque tudo o que 
te dei 
não chegou 
e já mais não 
te posso dar.

Então sai de mim.

20.10.13

ocean eyes (IV)



I took this really long,
                   nice,
                 hot,
 shower
to refresh my body
           and clean my soul.


As the water fell
against my skin,
       I washed my arms,
my legs,
     my face,
        my hair,
            and my mind.


But even after 
                         all of
               that,

as the tears streamed
               down my face,                    
   I realized.

I couldn't wash you
                     from my

                                   heart.

pale


Queria apaixonar-me por ti outra vez. Voltar a sentir a primeira borboleta na barriga quando me sorriste; voltar a respirar o teu cheiro e sentir a tua presença tão perto. Passaram-se oito luas, que mais se parecem a oito primaveras, e tu sabes tão bem a falta que me fazes, mesmo assim. Porque entraste na minha vida como uma estrela cadente, atingiste-me em cheio no coração, acordaste-o de novo. E agora? Não te quero deixar ir. Já sou tão tua, sem que tu sejas meu, mas sabes que te quero. Sempre te quis. Desde o primeiro olhar e talvez até antes disso, nos tempos remotos em que nos meus sonhos a única cor que figurava era um azul-mar. Aquele que só se encontra no mais fundo oceano, nas escamas mais brilhantes, nos tesouros mais escondidos. Não és vulgar. És tão mais do que pensas; e isso fascina-me - todo tu me fascinas. Mas mantenho este texto em segredo, pelo menos por agora. Pensei que fosse o que querias, mas, agora que escrevo estas palavras, dou-me conta de que não faço ideia do que queres. Mas tu sabes o que eu quero e sabes melhor ainda o que sinto. Tudo depende de ti.
Mas só se quiseres.

16.10.13

ocean eyes (II)


Gosto dos teus olhos. 
Fazes-me bem, e, para já, isso basta. Mas não me deixes, nem me tires nada, porque o pouco que ainda tenho é o que me mantém por cá. Não tires o brilho dos meus olhos tão negros nem a alegria do coração. Tira-me antes o frio do rosto e a secura dos lábios, e o resto deixo-te a ti, para que possas continuar a surpreender-me em tudo o que fazes, para que te possas dar-me a conhecer, mas aos pouquinhos. Quero desfrutar de cada bocadinho mais doce que vou descobrindo, e quero-te todo; mas temos tempo. Somos donos do tempo, agora. Do tempo e do mundo, que gira só a nosso redor. Então dá-me a mão e lê nos meus olhos as palavras que ainda não te disse.
Apaixonei-me por ti como quem tira uma foto, assim, do nada. Tentei capturar algo belo mas, quando o meu dedo encontrou o botão, já outra coisa se via, ao de longe, no fundo, banhado por chuvas frias e ventos salgados.
Amor.

dreamy



I wish I could just treasure
every single thing
                         you do
 and every single word
                             you say

I guess I'm just too busy
thinking of the things
                     you didn't do
 and the words
                       you didn't say

15.10.13

ocean eyes




Your eyes remind me of the ocean
               and make me forget how to swim.

They also remind me of the winter,
                                  and the rain,
and the cold wind 
that dances 
         with my hair.

Would you like to try it,
         too,
someday?

Don't worry, darling,

                                                                       I'll wait.

can't you see my crying?


É engraçado como as pessoas vêm e vão, como as ondas salgadas que beijam a areia da praia, por vezes, ao de leve, outras, apaixonadamente. 
Não, pensando melhor, não é engraçado. É, pelo contrário, negro. Sim, negro. Ou claro, se o preferirem. Sim, talvez o claro destaque melhor a ideia de vazio que as pessoas deixam em nós, assim, sem mais nada, depois de nos preencherem de cor, depois de pintarem todos os nossos sonhos com sorrisos. E dói, não dói? Oh, se dói. Mas fingimos que não, como eu tanto fingi; tanto fingi que, assim, deixou de doer. Passei a agrafar os cantos da boca em frente ao espelho para que o sorriso não escorregasse durante o dia, para que ele não caísse a meus pés como tantas vezes vi o meu coração cair. O meu coração, onde anda ele? Às vezes pergunto-me se não o perdi, ou se ele, de facto, se cansou de sofrer e partiu. Porque não o sinto, não dói mais. Não dói, mas também não sinto o calor nem a alegria, não o sinto a correr, mais depressa do que a luz - essa que eu pensava ter encontrado - para ti. Para ti, meu amor, meu eterno amor, que te foste tão depressa e de forma tão ilusória que por vezes penso se não foi tudo um sonho de lua cheia, desses que me fazem acordar com duas luas debaixo dos olhos, suores frios no rosto e lágrimas, lágrimas! E eu que pensava que não voltaria a chorar...
Oh, coração, por mais que tente impedir-me, acabo sempre a escrever-te a ti e só a ti.

5.10.13

nick


Ainda não tinha tido coragem de fazer o teu luto por estar demasiado magoada com a tua partida. Não sei tão-pouco se estás bem ou não, mas, desde que foste embora de vez que tenho morrido de preocupação. Talvez a culpa tenha sido minha por deixar que te afastassem, por deixar que fugisses constantemente e por não estar presente para te abrir a porta de todas as vezes que voltasses. O facto é que não pude dar-te tudo o que merecias e acabaste por te tornar no que eu mais receava. Sempre que voltavas magoado ou mais magro eu enchia-me de desculpas e tentava que ficasses em casa, mas nunca ficaste. Nunca esteve na tua natureza seres domesticado, mas sei que me amaste, pequenote, e eu também te amei. Mas despeço-me de ti com lágrimas nos olhos e esperando com todas as forças que estejas bem, onde quer que andes. Se não estiveres, então espero que tenhas gostado destes anos que passámos juntos, e desculpa não ter podido prolongá-los. Vou lembrar-me sempre de ti. Tenho 150 fotos para o fazer, mas, mesmo sem nenhuma, lembrar-me-ia sempre com lágrimas nos olhos. Talvez seja estúpido fazer um texto deste género para "um gato" mas é um peso que me sai dos ombros e do coração. E ambos sabemos que não és, nem nunca foste, só um gato. Amo-te para sempre.

um


Custa a querer que já se passou tanto tempo e, ao mesmo tempo, vejo-te como um sonho mais do que como uma parte do meu passado. Porque és mais uma parte de mim, do meu ser, do que da minha história. Estás em mim, em todos os meus movimentos, em todos os meus sorrisos, em todas as minhas lágrimas - oh, lágrimas, essas que caem só por ti. Mas pensas em mim? Ocupo algum lugar na tua mente, ou no teu coração, que um dia foi só meu? Lembras-te, tão-pouco, do dia que presenciámos há um ano atrás?
Não. Claro que não. Porque, sabes, foste embora. Foste-te e esqueceste-me em dias, semanas ou meses, enquanto que eu continuo a recordar-te com tristeza, nostalgia e saudade, dor, raiva e cólera. Eu continuo a ver-te nas gotas de orvalho que escorrem pela janela do autocarro, nas ruas cheias de ninguéns e nos primeiros acordes daquela nossa música. Vejo-te em mim quando me olho no espelho e talvez seja por isso que não goste do que ele me retribui. 
Quero que saibas que me encontro feliz. Nem sempre, nem completamente, mas de uma forma geral, feliz. Não choro até adormecer nem quero desaparecer. Se um dia passares por mim na rua sem que eu te veja, espero que te depares com um sorriso, com uma gargalhada ou com um cantarolar baixinho, espero que te lembres de quem sou eu, mas não me chames. Não corras para mim nem me fales, porque eu estou bem assim, e, mesmo que ainda te queira, sei que não te devo ter. 
Estás na parte mais escura de mim, mas eu vou acendendo as luzes. E se, quando durante uma tempestade, a luz for cortada, acendo uma vela ou duas.

19.9.13

still


Só quero que te lembres de mim, como eu me lembro de ti.
Lembra-te de nós como um todo, como eu recordo de manhã, com os fones nos ouvidos e a cabeça gelada pelo orvalho da janela do autocarro.
Pensa em mim quando provares o meu gelado favorito ou quando ouvires a música que foi tão nossa, como eu penso em ti quando caminho pelo mesmo jardim onde fizemos um ao outro mil juras de amor.
Pensa em como não as quiseste cumprir.

7.9.13

everybody left


Lembro-me de quando ele me abraçou e me pediu que não chorasse.
Lembro-me de quando ela me disse que nunca estaria sozinha.
E lembro-me de quando ela pediu que não me voltasse a magoar.
Lembro-me das palavras eternas dele,
Da amizade com que todas elas me preenchiam.
Lembro-me da alegria dele em me ver,
Lembro-me da alegria dela ao me abraçar.
E lembro-me dos risos deles,
E delas,
Entre palavras de amizade e berros de euforia.
Lembro-me de lhes entregar o coração!...





Só não contava que mo partissem.

25.8.13

desculpa


A dor voltou aos poucos, com pezinhos de lã para que eu não a ouvisse e, sem eu saber porquê, este sofrer é tão confortável que não tenho a certeza de me querer despedir dele. Sabe a mim, sabe a casa. E de que serve voltar a fugir de algo que me continuará a perseguir? Tenho medo e estou confusa. Estou confusa e tenho medo. Mas isto de nada me serve. Não assim, sem nada a ganhar e ainda menos a perder. Sou invisível como o tempo que nem sabemos se existe. Crescemos e mudamos mas o tempo não passa de relógios. Sou invisível como o ar que nem sabemos se cá está. Respiramos, ao invés de uma catrafoada de gases, amor. Respiramos humanidade e floresta. E eu não respiro por medo de me encantar. Eu não ando por medo de cair nem caio por medo de andar. Porque todos sabemos que eu não aguentaria isso. Prefiro cair apenas quando me atiro num abraço à minha almofada, de rosto sujo de lágrimas negras. Prefiro entregar-me à solidão que há tanto não sinto, ou sinto sem estar realmente só. Talvez seja apenas isso o que eu preciso, entregar-me apenas a mim e à vida que eu levo sem depender de ninguém, mas como o posso fazer? 
Mas, penso para mim mesma, como posso não o fazer, se quanto mais amo menos bate o meu coração?
E, pergunto-me, seria melhor eu deixar de amar, ou ele deixar de bater?

17.8.13

3



Hoje encontrei-te em mim, mais uma vez. Ao invés de virar costas à parte do meu coração que te carrega, abri-lhe os braços. Encontrei-te num histórico perdido e num morcego que sobrevoava, aos oitos, o meu jardim. Infindáveis oitos deitados. Como o infinito que eu desenhava enquanto pensava em ti. Aquele que me tinhas prometido, aquele no qual eu acreditei. Mas contigo veio a necessidade de te esquecer, meu anjo, porque a tua presença em mim está a cavar cicatrizes que nunca vão sarar se eu me contentar com o conforto da tristeza. Quero esquecer-te. Quero querer esquecer-te. Mas custa-me. Mais do que deveria. Ainda não arranjei forma de lidar com a dor que veio com o agora. Agora não faço mais parte da tua vida. Agora o teu coração bate por outro alguém. Agora eu sou eu, e tu és tu, e o "nós" perdeu-se entre o antes e o depois. No agora. Mas se não o aceitar, estarei para sempre presa a um tu que já não existe. Pelo menos não para mim. E dói tanto, saber que a tua Tudo se tornou num Nada. E nas entrelinhas das nossas conversas antigas sente-se uma cumplicidade que me aquece o coração e que, ao mesmo tempo, me gela o corpo, por saber que a perdemos. Mas éramos miúdos. Sempre fui uma miúda quando estava contigo, davas-me a provar aquela alegria pura e incapacidade de guardar rancor típica das crianças. E agora que tenho tantas primaveras como tu tinhas na altura em que nos conhecemos, percebo um pouco do que tu sempre receaste dizer-me, e, em vez disso, afastavas-me. Porquê? Talvez esta tua indiferença por mim já viesse de longe. Ou, talvez, seja apenas uma máscara com a qual cobres o rosto que foi tão meu - e logo eu que fui tão tua.
.

2.8.13

me and her


My dear,
I ended up doing what I didn't want to do
Pursuing my reckless dream that,
One day,
You'll come back to me
Like the black bird 
That misses its home more than words
Can say

But you,
My darling,
Gave me nothing but pain

I wish someone could take it away
 
Do you see the darkness in her eyes
That you used to see in mine?
And do you hold her hand so tight
That you won't lose her sight?
Does your heart bump to your bones
When she smiles at you?
Oh, honey, do you love just as much
As I loved you?

I begged to a God
I don't believe is true
That I'd find a way to forget you
But forgiving is so much easier than forgeting

And if I can't have you
No one else will
I'll find a way,
Oh, sweetie, I'll find a way
To win you back
Someday

Do you see the darkness in her eyes
That you used to see in mine?
And do you hold her hand so tight
That you won't lose her sight?
Does your heart bump to your bones
When she smiles at you?
Oh, honey, do you love just as much
As I loved you?

Oh, sunshine,
I hope you never forget me

Oh, my love,
I hope you never regret me

Do you see the darkness in her eyes
That you used to see in mine?
And do you hold her hand so tight
That you won't lose her sight?
Does your heart bump to your bones
When she smiles at you?
Oh, honey, do you love just as much
As I loved you?

Do you see the darkness in her eyes
That you used to see in mine?
And do you hold her hand so tight
That you won't lose her sight?
Does your heart bump to your bones
When she smiles at you?
Oh, honey, do you love just as much
As I loved you?

 Do you?

28.7.13

numb


Tentar escrever sem vontade é um erro. Mas pior do que isso é encontrar a vontade e não as palavras certas para passar o que sinto para o papel. A tinta da caneta teima em acabar, como que a dizer-me para desistir. Na verdade, tudo me diz para desistir. Está escrito nas paredes, nas nuvens e nas pessoas. E, sobretudo, em mim. Letras gordas e carregadas na minha pele como cicatrizes. e o mais incompreensível disto é o facto de só eu as conseguir ver, preto no branco, mas ao mesmo tempo tão desfocadas que me impedem de ter a certeza do que lá está escrito. E é por isso que as ignoro. É por isso que continuo a dizer, dia após dia, que estou melhor assim. Que não falta nada, quando, claramente, falta tudo. Tudo o que importa, pelo menos. 
Sabias que já não consigo chorar? Por mais que tente, as lágrimas não saem. É só quando penso em ti e te dirijo o meu coração que elas começam a cair. Com que direito te apoderaste dos meus olhos, duas luas cheias escuras como o céu que as carrega? Com que direito me fazes crer que eras o melhor de mim? Nunca o foste, coração. Oh, coração, esse que me partiste tantas vezes. Agora não pode ser quebrado, sabes? Não podem quebrar um coração que não bate. Porque ele bateu só por ti. Quando me pisam não dói e quando caio não sofro. Sou constantemente empurrada de um lado para o outro como um jogo de espirobol. E cheguei ao ponto em que já não existe mais corda a separar a bola do poste. Cheguei ao ponto em que posso enfrentar a situação ou deixar que a corda se desenrole e comece tudo de novo. E agora tento encontrar dentro de mim outras formas de amar, mas não consigo. A culpa é minha? Tua? Dele? Ou acontecerão as coisas realmente por um propósito? 
Mas que propósito me privaria de sentir tanto para passar a não sentir nada?

16.6.13

memories




Aproximei-me da caixa cor de rosa que mantive intacta num canto do meu quarto e abri-a, sem saber o porquê. Mas o meu corpo já não me pertencia e não havia nada que eu pudesse fazer; deixei-me levar. Sem dar conta, tinha já tomado a tua camisola nas mãos, aquela que me deste e que eu tantas vezes usei para cobrir o corpo nas noites quentes de verão em que tu não estavas lá. E surpreendi-me ao sentir o teu cheiro ainda nela, entrenhado entre os fios de algodão como tu estás entrenhado em mim. Dei por mim a não querer largar aquela camisola suave, com a qual eu tantas vezes te vi, desejando contudo ver-te despido - não dela - mas de toda uma pele que nunca me interessou, uma pele de mentiras arrastadas e de factos supérfluos. 
Tive também nas mãos a pinha que um dia me ofereceste e que ainda cheira a outono, e tive na mão a caixa que guarda as pétalas da primeira rosa que me deste. Lembro-me tão bem de a ver na tua mão, era vermelha como sangue e tinha as pontas já roxas, do calor que fazia nesse dia. Não tinha espinhos, era uma rosa perfeita; não como eu, com pétalas murchas e um caule feito apenas de espinhos. Mas recordo-me do cuidado que tivera ao tirar-lhe as pétalas para que não se quebrassem, como se fossem finas lentes de vidro à espera de um erro para se estilhaçarem nos meus dedos.
Como essas, guardo também as pétalas do ramo que me ofereceste. Guardo pulseiras e colares com dizeres como Forever e Lock Our Love. Esse primeiro que acabou e esse segundo que não bastou. E guardo fotos, oh, as fotos, como a que tive na mão, o teu rosto, um rosto que tanto desejo voltar a ver, mas sem querer. Sorri para ti, porque tu também sorrias para mim, e naquele dia foi tudo tão fácil, era tudo tão fácil, amar-te era tão fácil...
Então como foi que mudámos, coração? 
Como foi que escolhi guardar toda uma vida numa caixa poeirenta arrumada num canto do quarto?

4.6.13

tatuagens


Pensei tatuar o teu nome; em homenagem às vezes em que
No pulso o escrevi.
Talvez tivesse pensado que isso demonstrava
O quanto eu gostava de ti...

Pensei tatuar o teu rosto; para lembrar as alturas em que
Vê-lo era tudo o que desejava.
Talvez pensasse que isso demonstrava
O quanto eu te adorava...

Pensei tatuar a nossa história; para recordar as vezes...
As vezes...!
Quantas vezes?!
Ódio e paixão, raiva e carinho, relutância e fervor...
Tudo o que fiz, foi para te mostrar o meu amor.

Mas a minha pele não chega para contar
A nossa história.
Embora eu pensasse - naquele tempo - que amar
Não tinha fim.


Enganei-me, porém,
Apercebi-me disso apenas quando me banhaste com desdém
E deixaste em mim apenas
Tatuagens.

21.5.13

sister


Assomam-se-me à mente memórias antigas, cristalinas da inocência que delas emana.
Lembro-me mais de ti do que de mim. Sei que me admiravas, via-te a olhar-me com orgulho. Éramos eu e tu e sempre foi assim, mas eu sempre te invejei. Ainda invejo. Nessa altura eu era forte e os meus ombros sustentavam as tuas lágrimas, agora já não é assim, tornei-me pequena mas continuo aqui, estou aqui. Nunca me vim a desculpar por tudo o que te fiz de cruel - e não faltam exemplos disso. De facto, acho que nunca me revoltei tanto contra uma pessoa como para contigo. Mas talvez tenha sido isso que sempre nos puxou mais ao encontro uma da outra. Não te vou mentir, houve tempos em que pensei que te perdera para o orgulho e fazias-me falta, sempre me fizeste falta. Lembro-me de cada palavra maldosa e de cada queixume melancólico, e penso agora que talvez fosse por isso que a tua irmã nunca gostou de mim, porque me seguias como a ela nunca seguiste, eu era a tua luz e estava sempre lá, guiava-te de volta ao caminho correto como um farol, estive sempre alerta, mesmo quando andavas longe. Eras a minha miúda, ainda és. És a irmã mais nova que nunca tive, e o teu coração é tão frágil que faz o meu partir-se se alguém to maltrata. Tens o sorriso mais belo e a gargalhada mais intensa, e foi contigo que partilhei os meus maiores segredos. Foste tu, sempre tu, a minha caixa de Pandora que nunca pode ser aberta por ninguém que não eu. Então peço-te, meu doce, fica comigo. E não duvides do meu amor, que te é eterno: és mais que tudo. Não penses que desceste uma categoria na minha consideração; no mínimo, subiste. Não te rotulo de melhor amiga porque crescer fez-me perceber que não é necessário. Tive a sorte de encontrar uma amizade como a tua que, mesmo que não acredites, valorizo mais que à minha própria vida. És um encanto, e encantas-me: continuas a encantar-me. As memórias, não as passo para papel porque as guardámos no coração, e isso chega, são só nossas. Como nós somos uma da outra e havemos de ser sempre.

10.5.13

the memory remains


Ando sem vontade de escrever e menos ainda de viver. Anseio por me fechar a sete chaves numa torre bem alta onde ninguém me possa encontrar. Quero dormir. Dormir para sempre sem interrupções, porque a vida é demasiado cansativa... Tu és cansativo e deixas-me perdida e não gosto de me sentir assim, sem controlo sob as minhas ações, como se um fantasma enraivecido possuísse o meu corpo. E começo a ficar verdadeiramente farta de carregar o teu peso nos meus ombros, como se fosse meu dever continuar a amar alguém que tanto me fez sofrer. Não é. E se eu pudesse tomar as rédeas do meu coração, há muito te teria desviado do caminho. Mas não posso. Por isso continuo a viver na insatisfação de não te ter, mesmo não te querendo, mas desejando ter-te sem querer, faz algum sentido?
Nós nunca fizemos sentido. Éramos diferentes de todos e mesmo assim completávamo-nos e há coisas cuja beleza não tem explicação, nós éramos uma delas. Mas perdemos a nossa beleza. Eu tentei agarrar-me a ela e salvar-nos, sabes que tentei, mesmo quando já era impossível, e voltaria a fazê-lo. Faria tudo de novo, e tornaria a sofrer, sem sequer me importar, porque as minhas preces seriam finalmente atendidas, preces que rezei em vão a um Deus que não existe, preces essas que são apenas voltar a olhar os teus olhos cor de avelã de que eu tanto gostava. Mas e se os visse? O que faria? Era demasiada crueldade para comigo mesma, não voltes. Deixa-te estar, agora que te foste não tornes a regressar. Hei-de-te esquecer (nunca te esquecerei), mas entretanto deixo a minha mente voltar a ti enquanto ouço a nossa música e encosto a cabeça à janela do autocarro.

17.4.13

só mais uma vez

Toda tu és brilho.
Ofuscas por quem passas, 
Por mais beleza que possua.
Porque possuis mais que beleza,
E mesmo na mais profunda tristeza
Os teus olhos sorriem,
Sorriem como puros que são,
Olhos sem maldade
Nem falsidade.
São olhos de uma vida,
De um barco à deriva,
De uma amiga,
Calma mas destrutiva
Só para si mesma.
Mas não te magoes.
Nem mesmo só mais uma
Vez.

Bebi o veneno 
Que transportas
No teu ser.
Bebi para não te ver morrer.
Porque nenhuma dor se assemelha
À de te ver partir.
Fica,
Porque o mundo sem ti ruirá.
Sem a tua alegria cá
Nunca mais irá o sol aparecer.
Fica,
Porque te quero ver...
Nem que seja só mais uma
Vez.

Dá-me a tua dor
Porque já não te posso ver sofrer.
Prefiro morrer,
Entregar-me às trevas, desaparecer,
E procurar-te por lá,
Na vaga esperança
De te encontrar,
De te abraçar
E de te trazer para casa.
Para onde pertences,
Meu anjo,
E se isso acontecer,
Brilharás um pouco mais
Enriquecida de experiência
E cegar-me-ás, mas 
Só mais uma 
Vez.

11.4.13

2


Hoje acordei com a nossa música na cabeça, como se ma sussurrasses ao ouvido, com eu tanto gostava que fizesses. Mas quando, mais tarde, tento lembrar-me da tua voz, não consigo. Não me esqueci de ti, mas não me consigo lembrar, já não, e isso mata-me. Não me lembro de como soa o teu riso, ou a que sabem os teus beijos, não me lembro do teu toque. As pequenas coisas que me faziam amar-te desvanesceram-se no vento durante os seis meses que se passaram. Então, explica-me por favor, qual o porquê deste sentimento que me agonia? Se não te recordo, não te deveria sentir, muito menos amar. Então diz-me, por que razão te sinto em cada pulsar do meu coração, aquele que tu quebraste? Esclarece-me esta dúvida, que me bloqueia a garganta, que me impede de respirar: que direito tens tu, de viver em mim, se não tencionas voltar?
Eu não me esqueci. Lembro-me de quando andámos de barco. Lembro-me das fotografias que não gostavas de tirar. Lembro-me das constelações de sinais que achava nos teus braços. Lembro-me de odiar quando cortavas o cabelo, de gozar contigo e chamar-te Justin Bieber. Lembro-me da tua guitarra e de nunca teres tocado para mim, de ouvir a tua banda preferida em altos berros e de como parecias amar aquele teu gato ainda mais do que me amavas a mim, eu, que me achava o teu mundo, mas será que era? Ou foi tudo uma ilusão? Será que estava tão cega de amor que inventei um amor que me devolvias? Alguma vez me amaste realmente, ou foi tudo um sonho de olhos abertos?
Sabes que dia é hoje?

1.4.13

escuros lápis de cor

Sorrisos e traços numa folha
preta de limpa
branca de suja
Suja com falsa pureza
Limpa com verdadeiro azedume
todo ele dotado de beleza

Gargalhadas e desenhos num papel
amarrotado de seco
liso de encharcado
Seco com lágrimas pesadas
Encharcado com crianças embaladas
por mentiras e emoções falsificadas

Amor e pinturas numa tela
cheia de nada
vazia de tudo
Nada com o colorido que nego
Tudo com as cores de um fogo
apenas vistas pelo maior cego


28.3.13

Campanha de Incentivo à Leitura

Agradeço a simpatia do blogue: http://letstartscreaming.blogspot.pt/ que me referiu e autorizou a participar na campanha de Incentivo à Leitura. Obrigada por este Selo.



As regras são:
1. Referir quem nos indicou.
2. Escolher 10 blogues a quem passar este selo.
3. É expressamente proibido levar o selo sem convite.
4. Avisar os blogues que foram convidados.


Aqui estão os blogues por mim escolhidos que estão desde já autorizados a divulgar a campanha.
Ei-los:

http://nucleusframe.blogspot.pt/
http://anacristinacarvalhoo.blogspot.pt/
http://euetunumsocoracao.blogspot.pt/ 
http://he-lovesme.blogspot.pt/
http://olivrodaminhamente.blogspot.pt/
http://eight-birds.blogspot.pt/
http://tresmetrosacimadoceu-b.blogspot.pt/
http://omeuabrigo-a.blogspot.pt/
(não acrescentei mais blogs porque estes são, dos que conheço, os que realmente merecem.)



Quanto ao livro que eu recomendo é, sem dúvida, o livro "Três Metros Acima do Céu" de Federico Moccia.
Título: Três Metros Acima do Céu
Género: Romance
Páginas: 352
Sinopse: Três Metros Acima do Céu é um romance apaixonante e retrata uma história de amor entre dois adolescentes oriundos de contextos sociais distintos, que se conhecem na esplendorosa cidade de Roma. A intensidade da relação manifesta-se logo no primeiro encontro quando Babi, uma atraente e simpática jovem de quinze anos, conhece Step, um rapaz um pouco mais velho, com um comportamento muitas vezes agressivo e reprovável, que exerce sobre ela um invulgar fascínio. Em breve estes dois mundos (aparentemente) incompatíveis tornam-se um só, e as juras de amor eterno passam a ser a grande força motriz. Porém, Babi nunca aceitou inteiramente as atitudes violentas do namorado, nem o mundo subversivo e decadente a que Step pertence, e a relação envereda por um caminho sinuoso e inesperado… Um livro comovente e inspirador, que venceu o Premio Letterario Nazionale Insula Romana, na categoria de literatura para jovens adultos, e o Premio Torre di Castruccio, na categoria de ficção (2004).

22.3.13

170 sóis


Hoje sonhei contigo. Mas isso pouco de novo traz. Tento não pensar em ti mas não posso controlar os meus sonhos e, honestamente, tenho sonhado contigo todas as noites. Vens para me assombrar, sussurras-me palavras doces, mais doces que caramelo, deixas a minha almofada, branca, suja de lágrimas, negras. Adormeço a chorar e choro ao acordar, por não seres real. Por essas tuas palavras, que eram tão minhas, não passarem de miragens longínquas. Por não saber de ti.
Chamaste-me doce e disseste que falaríamos no dia seguinte, mas eu não te queria deixar ir. Estavas desaparecido há tanto tempo que tive medo que não voltasses. Vi-me a batalhar contra as ondas revoltas de um mar gelado e tu não estavas lá para me salvar. Alguma vez estiveste? Andavas sempre tão longe, coração. Precisei de ti. Onde estavas? Onde estás??
Sinto a tua falta. Passou-se quase meio ano e não consigo deixar de a sentir. Da forma como afastavas os meus cabelos dos olhos, da forma como me olhavas, da tua voz e do teu cheiro, tão familiares, mas principalmente sinto a falta de como me abraçavas. Seguravas-me contra ti com todas as tuas forças e ambos depositávamos toda a mágoa naquele abraço. Chorávamos e apertávamo-nos mais, para que as lágrimas não fossem vistas, éramos fortes assim. Agora estou tão fraca. Sinto-me só. O vento ainda não levou a dor que deixaste, coração, e quem me garante que o fará? Não entendo a razão que me deixa tantas saudades de ti, aquele que me quebrou e deixou ao abandono, mas continuo a procurar-te, a atormentar-me com as respostas que não me dás, não estás aqui. 
Onde estás??? Volta. Porra, faz-te homem e aparece, que eu não posso esperar mais. Não posso, mas ao mesmo tempo preciso de ti. Volta.

4.3.13

é mesmo o fim?


As lágrimas correm como se viajassem em algum grande rio até a minha mão ser o seu mar. Passou tanto tempo...
Tem sido um fim de semana difícil. Vejo os minutos passar, sinto as luas a mudarem mas de alguma forma não estou aqui- abandonei o meu corpo para te fazer companhia. Sentes-me? Estou aí. Estou tão perto de ti, e tu estás tão longe, tão, tão longe. Não são apenas quilómetros que nos distanciam, é a mágoa do orgulho ferido, sofrimento causado por um coração partido. 
A nossa história foi abandonada num banco de jardim quando os escritores ficaram sem tinta da china onde molhar as penas. Tinta essa que partilhavam, como tudo na vida: os copos de batidos, os croissants de chocolate e petit gatêaus com gelado. Tanta doçura numa vida que se foi tão depressa, ou pelo menos assim pareceu. Tanta doçura e, mesmo assim, não chegou para limpar de nossos lábios secos a amargura da coragem que faltou.
De algo me orgulho, porém: eu não desisti. Lutei por ti, por nós, até não existirem mais possibilidades de recuperar a chama daquele amor que em tempos devastava florestas. Devastava corações. Devastava-nos e aos que nos viam, tão felizes. E a amizade? Os risos e abraços? 
Onde foi que escondeste o rapaz tímido e querido pelo qual me apaixonei há já tantas estações?

3.3.13

run


Preciso de fugir. Correr para onde ninguém saiba o meu nome, sem bagagem desnecessária, uma mão cheia de nada. Partir para longe em direção ao vazio, de olhos fechados e cabelos ao vento, só contigo, meu doce.
Só preciso de ti e do teu amor, do coração que é tão meu, e logo eu que sou tão tua. Teus beijos doces e mãos suaves entrelaçadas nas minhas, um calor que me desperta e olhar que me atrai, e todo tu me apaixonas, fazes-me cair como uma tola, e tão tola sou por ti. Estou apaixonada, sou apaixonada, então não me deixes. Protege-me na dúvida, abraça-me na mágoa, preenche as fendas do meu coração com carinho e vamos queimar o tempo com um isqueiro cor de rosa, a cor das paredes dos sonhos. Vamos pintar o futuro com as tintas do passado, deixemos para trás os tubos de guache secos e acabados, ajuda-me a fazer uma cor só nossa, mistura do teu sorriso com o meu e mais algumas flores que encontramos no caminho, será que faz algum sentido?
Mas para que raio preciso de sentido, quando te tenho a ti, e a uma mão cheia de nada?

25.2.13

wind

I remember
when I was younger
hearing my parents fight
about everything
or nothing
at all

I remember my little slide
and the pink flute
I once hit my brother with

I remember the rabbits
and the chickens
and the colours of a rainbow
I wanted to reach

Above it all
I remember the innocence
I carried
that we all did
In our smiles and laughs
and bruises and scars
and screams of joy

I try not to forget
I beg the wind not to take it away
for the memories not to fade

But maybe
they already
did

and this is nothing but an illusion
of a dead girl's
past

16.2.13

now you're just somebody that i used to know


Sei que jurei que nunca mais te escrevia.
Estou a tentar. A sério que estou, mas, por mais que tente, continuo a chegar à conclusão de que levaste o melhor de mim. Não consigo escrever. Sempre que tento acabo rodeada de papéis amarrotados e sinto-me uma desistente por quebrar uma promessa que fiz a mim própria. Mas não posso escrever sobre mais nada, e os mais belos poemas foi a ti que te escrevi. Poemas, prosas, versos soltos, cartas, diários, rabiscos e histórias. Não sei se me posso queixar porque tenho plena consciência de que estou feliz - a mágoa é a que me leva a escrever e ultimamente a vontade não é muita - mas faz-me falta. Chamem-me louca, mas faz-me falta. Habituei-me a uma rotina na qual a dor era constante. Habituei-me à dor, era-me familiar, afeiçoei-me a ela. Era a minha casa. E agora, mesmo sem motivo, regresso a ela, e ninguém entende a razão das lágrimas no meu rosto. Nem eu. Mas elas continuam a cair, todas as noites, antes de adormecer, manchando-me a fronha da almofada de rímel. E vem-me o teu nome ao pensamento, e sempre a mesma palavra "amei-te". Repito-a vezes sem conta, tento achar limites para o amor que te entreguei mas continuas tão vivo que não posso esquecer-te. Queima-me a alma, ter-te no pensamento. E, pela lógica, qualquer pessoa concluiría que seria ainda pior ter-te aqui.
Mas, sabes? Tenho saudades tuas.

30.1.13

gosto de ti


Gosto dos teus casacos. E das tuas camisolas, das roxas, até das que me picam a face quando me deito sobre o teu peito. És quentinho. Os teus abraços confortam-me e os teus beijos tranquilizam-me. Por mais perdida que esteja, encontro-me sempre quando estou contigo. Sou eu. E tu és tu, e és tão meu. E eu adoro. E eu amo. Como te amo a ti e ao teu sorriso brilhante, e aos teus olhos flamejantes. E aos teus lábios escaldantes. Como te amo a ti por completo, cada célula do teu ser, que se funde comigo quando me apertas a mão. 
Transformo-me em poeta e o teu corpo é meu caderno, os meus dedos a caneta. Sou pintora e o teu rosto é a minha tela, os meus lábios os pinceis. Pinto com as cores do teu sorriso, e tão belas que elas são, as mais belas que já vi. Iluminaram-me o caminho que há tanto não passava de escuridão.
És muralhas altas em meu redor e proteges-me o coração. És tanto de mim e eu sou tanto de ti. Somos duas metades de um todo, oh, e como eu gosto do resultado. Mais do que isso, só de ti. De ti, e dos teus olhos castanhos. Como as folhas que o inverno não limpou...
Estás aqui. Estás tão presente e não vais embora, e a segurança que me transmites causa uma alegria de tal forma descontrolada, em mim, que penso ter ficado louca. Mas não estou louca. Só apaixonada. 
Pensando melhor, qual é a diferença?

18.1.13

i won't forget you


Hoje recebi uma mão carregada de certezas de como tu já não és quem eu amei. 
Mudaste. Abandonaste tudo o que alguma vez me fez amar-te e apagaste-me da tua vida.
Causa-me uma dor indescritível o facto de teres passado sobre mim uma borracha como se eu fosse apenas um erro, nada mais. Porém, de nada te serve tentares apagar-me, porque escrevemos a nossa história a tinta permanente e eu estou gravada em ti, como dizeres de amor numa árvore despida. As tuas atitudes continuam a ultrapassar os limites da minha compreensão e talvez nunca as entenda, talvez nunca te volte a entender, resta-me chorar a perda daquele que um dia eu amei com tudo em mim.
Dava tudo para ter de volta a pessoa que costumavas ser, voltar a sentir os teus braços em meu redor e ouvir a tua gargalhada cristalina, mas não posso. Deixaste-me com a promessa que já planeavas quebrar e agora é tarde demais para a tentares cumprir. A oportunidade fugiu-te, tal como tu tantas vezes fugiste de mim, deixando-me à chuva, amedrontada pela tempestade. Deixaste-me demasiado quebrada para alguma vez voltar a confiar em ti e esta é, por isso, a última carta que dirijo a ti.
E agora sai de mim, porque nada mais tenho a dar-te, e tu nada mais tens a tirar-me.
Parabéns.

13.1.13

home is where the heart is


Hoje o céu assemelha-se a ti. Não há uma nuvem que ofusque o brilho das imensas estrelas que o salpicam e a lua em quarto crescente tem em sua volta uma circunferência de luz. Olhei-o e lembrei-me de ti, com o frio a chicotear-me o corpo, o gelo a cortar-me o rosto e a noite a esbofetiar-me as faces. Mas não senti nada, na altura, porque um outro sentimento apoderava-se do meu corpo, sentimenso esse mais forte que a dor, mas que rima com a mesma, e que eu sinto tanto por ti. Sentimento com o qual me preenches entre beijos e carícias. Porque nessa altura eu corria para ti, como corro a cada segundo da minha vida, de volta a teus braços e ao teu amor, a minha verdadeira casa, onde eu pertenço e sempre deveria ter estado, e tanto desejo estar sempre. 
Escrevo-te bilhetes sem sentido, rabisco em cantos de folhas às linhas e guardo tudo, fecho-os em garrafas e lanço-os ao mar que é só nosso, para que se percam como nós nos perdemos com suspiros e silêncios, não de constrangimento, mas o silêncio confortável que toma o ar quando nada mais precisa de ser dito.
Quero-te tanto.

6.1.13

somos amor


Aqueces-me o coração quando me beijas a testa ou seguras as mão. Todo tu és calor mesmo nos dias mais frios, aquecido pelo fogo da paixão que alimentamos. Somos postais de verão e flocos de neve. Somos amor. Somos beijos apaixonados e toques desejados, carícias arrepiantes e sonhos não contados. Somos doçura. Chocolate derretido salpicado de avelãs. Somos tudo e nada importa, quando nos envolvemos, abraços apertados no meio de uma multidão invejosa por um amor como o nosso. És o riso e as palavras, e estás perto, mesmo longe. Somos a melodia mais bela que os teus dedos criam ao dançarem nas teclas. 
Fazes-me feliz. A felicidade trocou de lugar com a dor, que costumava ser a minha casa. Agora sorrio com vontade e as covinhas no meu queixo voltam a aparecer quando te vejo aproximares-te. Faz-me feliz, a forma como me olhas, e como és tão belo. És a coisa mais bonita que possuo e que não quero perder. Tens os olhos de um sonhador e lábios de conquistador, tens música em todo o teu ser e uma aura de amor rodeia-te e envolve-me quando me tocas. Ou quando me falas. Ou quando me tens, seja de que maneira fôr. 
És tão meu como eu sou tua e eu não podia pedir melhor.
Amo-te muito.

5.1.13

quando deixar de te escrever, morrerás no meu coração


Não tenho tido vontade de escrever. Ou melhor, vontade tenho, mas faltam-me as palavras. A minha mente anda confusa e o meu coração abalado, os pensamentos que pensei poderem ser organizados com o tempo apenas se misturaram no remoinho da tua passagem. Tento procurar destinatários diferentes para as cartas que me saem a voar da ponta dos dedos mas a verdade é que continuas a ser a minha única razão de escrever, o meu anjo caído, aquele que não voltou. Pensei que sempre voltasses, mas afinal eu é que sempre te persegui, e quando deixei de ter condições de sofrer, perdi-te, e perdi-me contigo. Tentei deixar-te suterrado com as memórias no ano que passou, tentei pôr uma pedra pesada por cima do sentimento que ainda me fazes sentir, mas como se mata todo este amor de um momento para o outro? No entanto já não te sinto comigo, sei que partiste, é tão certo como a dor que me provocas na alma, e a agonia toma conta de mim quando a ignorância faz o mesmo. Porque ignoro o teu paradeiro, não sei como te sentes, como vai a tua vida agora sem mim. Por muito que não queira tenho-te no pensamento nas noites em que estou sozinha, nas noites em que não tenho o meu Amor a proteger-me. Sim, porque encontrei um príncipe só meu, tu sabes, e tenho a certeza que sentes um ódio fogoso por nós, mas não faz mal. Perdoo-te, porque te conheço, porque te amei com tudo o que tive. Porque sei que pensas em mim quando olhas para a lua cheia, sentes-me no teu coração, onde sempre estarei, um amor como o nosso não morre. Desvanesce, mas não morre, fica sempre, como uma cicatriz de uma batalha perdida, orgulho de dois guerreiros que provavelmente, um dia, não passarão de estranhos, que pensaram que o eterno duraria eternamente.