30.3.12

scars - cap. IX



Agarro os meus braços com força e esfrego-os. O vento chicoteia-me a face e faz-me cerrar os olhos com força, sinto as pingas da chuva feroz a escorrerem do meu cabelo encharcado e as minhas pernas tremem. Com medo de desfalecer, busco abrigo numa beira de estrada, debaixo daquele pequeno pano que por vezes cobre as portas de cafés e bares e que, nesta circunstância, tinha sido deixado aberto por desleixo ou pressa do dono. 
Sento-me no chão, abraçando as pernas e espirrando. Não, não, cala-te! Não faças barulho.
Este fim de tarde é tão silencioso quanto frio. Ninguém te vê, ninguém te conhece, ninguém sabe...
Tiro do bolso um pequeno clip que caiu da sua pasta durante a aula. Agora que penso nisto, estarei a envolvê-la? Serei eu um ser terrível ao ponto de envolver a minha amada em tão mesquinho ato?
Com uma perícia desenvolvida ao longo de anos, enfio o clip na fechadura e procuro o sítio certo, que pressiono, e a porta abre-se. 
Faço de dois saltos o meu movimento para trás do balcão. Dois pães secos, um croissant duro e um bolo de arroz. Abrindo os armários, encontro duas fatias de queijo, assim como uma de fiambre, e bebidas que de há tanto tempo ali estarem, já seriam intragáveis.
Retiro um pouco de uma fatia de queijo, deixando marcas como as que um rato faria, e pego na outra inteira. Apenas um pouco de fiambre e um pão, ninguém notará a diferença, e uma água, chega.
Esteve sempre assim tão frio?



Ligo a música no máximo mal chego a casa e me fecho no quarto. Despediramo-nos cedo sob o pretexto da chuva e dos trabalhos de casa para amanhã. Nunca tivera tantos trabalhos de casa na minha vida, que escola mais estúpida. 
Elimino estes pensamentos quando pouso a ponta dos dedos sobre os lábios e sinto o toque dos dele, outra vez. Haveria melhor sentimento? 
Pondo-me em bicos de pés, procuro pôr em prática o que aprendera há tanto tempo, em aulas de ballet para miúdas de cinco anos, em que eles sempre me procuraram inscrever, e eu odiava. Ponho-me em bicos de pés e levanto os braços, suavemente, procurando a harmonia e a graciosidade que nunca tivera. Que tolice, o que raio estou eu a fazer? Mas nem por isso abandonei a minha posição de bailarina, começando a mover as pernas, saltitando levemente de um lado para o outro. Sinto a ponta do meu pé direito a tocar-me na perna que acabava no esquerdo, equilibrado em pontas. Sobe até ficar preso no joelho, momento no qual abro os braços e inclino-me para trás, fazendo o meu tronco dar uma volta de 360º e voltando ao início na perfeição, tudo isto ao som de heavy metal... e provavelmente da felicidade que me deixava doida. 
Dançando como nunca antes dançara, acabo a tropeçar num objeto redondo e pequeno que se abre.
E as lâminas afiadas tocam-me, de novo, desta vez sem eu querer.


chegámos aos cem seguidores!






29.3.12

note to self


 Parva, ingénua criança, caíste outra vez. Quantas mais vezes precisarás de ser magoada até que aprendas a não confiar em ninguém?!
Este mundo, meu tesouro, não é para ti. Não mereces uma única batida do teu frágil coração, não mereces nem uma golfada de ar que os teus pulmões respiram. Essas tuas mãos gélidas não merecem tocar as flores suaves e delicadas que este mundo oferece, a tua boca amarga não merece saborear os doces frutos que crescem nas nuvens e a tua expressão horrenda não merece ser vislumbrada.
Mas se te foi concedido este dom de puderes pousar os teus pés nesta relva fofa e alegre, porque continuas a transformar essa relva em espadas metálicas que te atravessam a pele, estúpida mortal?!
Ah. Fazes-me suspirar de revolta quando te vejo refletida no espelho. Fazes-me querer magoar-te, castigar-te por te fazeres isso, por nos fazeres isto, por seres tu e não me deixares ser eu!
Obscenos títulos te atribuo na minha mente enquanto penso em como libertar-me deste corpo desfigurado que odeio com todas as forças. Não pertenço neste ser esperançoso de um mundo melhor, de uma vida maravilhosa cheia de flores e borboletas...
Não vai acontecer! Como te atreves, como te atreves, depois de tudo a que te submeteste, depois de tudo o que fizeste a ti mesma, como te atreves em pensar sequer em ser feliz? Como confias numa pessoa, como deixas que te magoem outra vez?
Espero que caias no abismo de uma vez, porque se não me podes libertar, pelo menos mata-me neste momento, enquanto não te possuo e altero por completo o mundo que conheces.
Inês (II)

24.3.12

you make me wanna... live



Sentados no alpendre, enrolados numa manta aos quadrados que poderia ser outra qualquer. 
A minha cabeça vai abanando ao ritmo da tua voz, que me encanta. E quando hesitas na letra ajudo-te, cantando contigo.
De olhos fechados e com a cabeça no teu ombro, aprecio um momento que bem podia ser eterno. Temos um céu nublado acima das nossas cabeças, uma brisa fresca a acariciar-nos a face, a luz do luar a iluminar-nos o olhar, e sorrimos. Sorrimos porque nos temos um ao outro, e isso não basta?
Os meus lábios apertam os teus, a minha língua abraça a tua e o meu corpo anseia pelo teu. E no fim de cada beijo que me deixa sem fôlego, olhar para ti faz-me quase chorar de emoção, com a beleza do teu ser a enfeitiçar a noite que nos envolve neste momento único. Todos os teus traços me encantam, todos os aspetos do teu ser. Serás tu um anjo enviado na minha salvação?
Sorrio quando te levantas e me puxas para ti. Dançamos ao sabor do frio, ao som de nada, ao sentimento apaixonado que sentimos no coração. Tropeçamos e rimos, choramos e fugimos, pensando bem, foi assim que sempre foi, ou não?
Abraçados numa noite fria de março, sentimos os nossos corações a bater rapidamente, próximos, apaixonados, e perdemo-nos na imensidão do céu nublado.

21.3.12

scars - cap. VIII



Senti a sua mão fria na minha pele. Tão fria, tão pálida, tão morta, tão, tão... Enfraquecida e indomável, a minha flor-de-lótus. Baila as suas pétalas lindas ao sol, vai dançando sobre a água sem se deixar cair. Oh, que bela é a minha flor. Suas feições doces e firmes, puras e angelicais preenchem os meus sonhos de alegria, enquanto o seu elegante corpo de deusa completa as minhas fantasias secretas. 
Enquanto caminho com a minha flor pouco antes de entrarmos o portão da escola, vejo-a sorrir e olhar para o chão, e aperto-lhe a mão com mais força. Com uma volta de pouco mais de noventa graus encontramo-nos de frente um para o outro, e num segundo aperto o corpo que tanto desejo contra mim, e com ele também a sua alma, a alma mais bonita que alguma vez tivera o prazer de encontrar.
- Vamos chegar atrasados.
- Não te preocupes com isso - e sorri, sorri ao olhar as esmeraldas que tanto amava. Porque não lho tinha dito ainda? Não sei. Estragaria realmente alguma coisa, dizer-lhe o que me vai na alma? - Olha...
- Sim? 
Debato-me contra o nó na garganta e o nervosinho que me controla, até que sinto o meu corpo desistir daquela batalha:
- Tens razão. Vamos - e seguimos caminho.




Sinto um peso cair sobre o meu coração quando as palavras tão desejadas não vieram. Será que ele não se sentia seguro, será que não me amava? Dúvidas imensas percorrem o meu corpo que, só por si, não consistia em nada que ele parecesse querer. Oh, ele é tão lindo. O seu rosto de lutador é mais doce do que qualquer pessoa quer ver, e pelos seus olhos cor de âmbar vislumbrava uma alma que queria conhecer. Queria entrar no seu mundo, não como visitante, mas como algo constante. Queria ser o ar do mundo dele, essencial à sua vida. Queria o seu corpo, todas as suas formas que me enlouqueciam quando me tocava fosse como fosse, queria senti-lo apaixonado por mim. Demasiado para pedir?
Entrando na sala, soltámos as mãos e sentámo-nos lado a lado. Abrindo o meu caderno, comecei a escrever o sumário embora não me sentisse presente.
Quando o olhei, quando vi o seu cabelo selvagem a cair-lhe para a frente e tapar-lhe a visão, os seus olhos pousados na escrita, pensei porque me julgava capaz de ser portadora de uma felicidade tão preciosa como tê-lo só para mim. Como podia eu ser tão ambiciosa e doida a esse ponto? Humpft.
- Queria dizer-te uma coisa - sussurrei-lhe.
Ele lançou-me o seu olhar mais irresistível e vi os seus lábios doces a formarem um pequeno sorriso:
- Diz.
- Bem, eu já te quero dizer isto há muito, e, bem, não te consigo esconder mais - ia gaguejando isto com o olhar desviado, mas a minha voz que se torna aguda nas situações mais embaraçosas fugiu-me e fui interrompida pela professora:
- Vocês os dois, vão se calar ou vai ser preciso separar-vos?!
Calámo-nos. Mas vi-o rabiscar algo no canto do caderno, e espreitei, para me deparar com a sua letra preciosa a formar palavras que por mim foram imensamente desejadas: 
"Eu também te amo, flor."

18.3.12

querida morte,

Morte,
áspera rosa encantada,
negra e azeda tentação,
terrível vontade de paixão.

Morte,
doce flor escondida
cujos espinhos me chamam,
cujas pétalas enganam.

Morte,
azeda planta zelada,
dois carinhos no rosto,
no coração uma espada.

Porque me chamas, morte?
O que queres de mim?
Porque me fazes doer a alma,
Morte, porque me tratas assim?

És escura como a noite,
pura como a respiração.
És desejo incontestável
como a maçã de Adão.

Morte,
alívio eterno da dor...
Possui-me, Morte,
quero sentir teu sabor.

17.3.12

desabafo secreto


Cresce dentro de mim um burburinho desatinado que me queima a alma e me contorna a alegria. Um segredo, que necessita de coragem por mim não possuída para ser revelado. 
Lembras-te daqueles dias? Conversas intermináveis que me punham a chorar, e uns escassos momentos depois faziam-me soltar gargalhadas sinceras, que há muito não soltava.
Estou-te grata. Estar-te-ei esternamente grata por teres entrado na minha vida, devagarinho, permitindo-me averiguar se te queria nela. Se realmente valia a pena arriscar-me a sofrer para te ter por um bocadinho que fosse na minha vida. É, valia. Valia porque eu precisava disso, oh, necessitava ardentemente de um amigo. Que não me julgasse pelas minhas ações ou pensamentos inconstantes, que não se sentisse aborrecido pela minha personalidade complexa e "tola" como muitos dizem.
Não esperava que um amigo (e nada mais do que um amigo) pudesse mudar a minha vida de maneira a que esta desse três voltas de trezentos e sessenta graus, de maneira a que me deixasse de pernas para o ar, vendo tudo de uma perspetiva diferente e levando-me a questionar o que tomava antes como certo.
E os meus glóbulos azuis, irrequietos, fazem-me sentir inútil... Mais pequena do que uma estrela que se vê ao longe numa noite de verão. Fazem o meu coração gelar ao relembrar-me que nunca significarei para ti uma milésima do que significas para mim.
Será egoísmo?


12.3.12

pequenos tesouros


Esta é a centésima publicação neste blog. Não, neste livro da minha mente, que partilho convosco.
Cento e trinta e nove comentários, noventa e um seguidores, sete mil e sessenta e quatro visualizações.
É com o coração cheio de orgulho que vos agradeço por tudo. Por lerem os meus textos, por deixarem as minhas palavras esvoaçarem até às vossas almas, por me apoiarem e me inspirarem, por me alimentarem os sonhos e fazerem crescer as minhas ambições. Enchem-me a alma de felicidade quando vejo um novo comentário ou visita, sabem? São pequenas coisas que me aquecem o interior e me dão a sensação de que, realmente, não estou sozinha, ou pelo menos não tanto como julgo. 
Obrigada. Obrigada por todos os sentimentos, emoções, gestos e palavras. 
Obrigada por acreditarem em mim.

Uma mão cheia de sorrisos para vós, meus queridos.

7.3.12

scars - cap. VII


Acordei de manhã com o nariz fungoso e lágrimas nos olhos. Logo que tento mexer um músculo, todos colapsam numa dor agoniante. Sinto uma toalha húmida na minha testa e vejo uma chávena de porcelana com um líquido quase transparente na minha mesinha de cabeceira.
Aproximo-o do nariz e depois levo-o aos lábios. Chá de camomila, bleh. Mas dadas as circunstâncias, não podia esperar que me fosse servido menta, o meu preferido, que a minha avó sempre me preparava em pequena, acompanhado das suas bolachinhas especiais...
Alguém fez soar um "toc, toc" na porta. Finjo-me adormecida e ouço um suspiro.
- Mafalda... Está aqui alguém para te ver.
Como não obteve resposta, a voz feminina encolheu os ombros (ou assim suponho, porque sempre o fazia) e saiu, deixando-me com, por dois segundos ou menos, o sentimento de culpa que me era incumbido sempre que a ignorava.
A porta é aberta novamente, devagarinho.
- Mafalda? Mafalda, está a dormir? - ouvi um sussurro.
Reconhecendo aquela voz familiar e doce como o mel, levanto-me de um salto.


Ao ver os seus doces olhos tornarem-se enormes, surpresos e felizes por me ver, apresso-me a chegar até ela e peço-lhe que se deite de novo. Beijo-lhe a testa quente e ela puxa-me para os seus lábios para que os meus sintam um beijo ainda mais ardente do que o da passada noite. Oh, o sabor dos seus lábios nos meus leva-me à loucura, mas tenho de nos separar carinhosamente, acariciando-lhe a face macia e bela.
- Estás melhor?
- Como assim? Acabei de acordar... - ela não parecia fazer ideia do que se passava.
Ri-me. Disfarçadamente ergui os cantos da boca mas depois não me consegui controlar, e ri. E ela sorriu, apaixonada, ao ver-me rir. Oh, como sentia saudades deste sentimento...
- Acho que ficaste constipada depois do banho de ontem - tento controlar o riso - são oito da noite.
- O QUÊ? - ela mostra-se triste, envergonhada e zangada, não faço ideia porquê. Acho que ela percebeu a dúvida na minha expressão - Perdi um dia inteiro contigo? - E sorriu.

4.3.12

s(he's) br(ok)en


Não me submeterei de novo aos teus testes, não. Não quero ser amada pela metade nem abdicar das pequenas coisas que me fazem feliz. Espero por ti, sempre esperei, espero para que te abras comigo, como uma flor silvestre ao céu matinal. Não correspondo às tuas expetativas? Não o pretendo fazer, já não. Não me voltarei a magoar ou a empurrar para o abismo, não quero voltar a chorar por ti.
Esperarei por ti mil primaveras e as restantes da minha existência. Esperaria pelos teus beijos sóis sem fim, espero que me protejas, que me abraces junto a ti.
Quero sentir-me protegida sem estar enjaulada, quero sentir-me livre mas ser dependente de ti. Que turbilhão de sentimentos se forma no meu coração, que furacão me desorganiza as ideias, que anormal realidade me leva à loucura! Com que direito me fazes isto, com que direito manipulas os meus sentimentos? Que direito tens tu de possuíres o controlo da minha, tão vulnerável, felicidade?
Oh, como te odeio.
Oh, como te amo.

dance with me


Sinto a bola nas mãos e o meu coração bate depressa. Endireita o polegar, arqueia as pernas, estica o braço, lança, tal como ele te ensinou.
Como pode uma pessoa viver para a emoção, quando se sente tão morta, tão fria? Como posso, de livre vontade, mexer-me vivamente quando por dentro estou tão morta? Como posso chorar em silêncio e fingir curtos sorrisos, quando estou a cair num abismo sem fundo?
Quem sou eu, que vagueio sonhadora à espera de um milagre? Quem sou eu, que me mostro esperançosa à espera de quem me salve?
Tudo o que vem, vai, e o que vai não volta. Porquê? Porque o que vai foi por uma razão, e razão para voltar não existe. Como pode algo que um dia significou o mundo, partir, tão de repente? Como posso eu ser tão vulnerável às mãos de quem me entrego?
Inúmeros e incontáveis pensamentos que me atingem como flechas enquanto os meus músculos se movem com a inquietude de um corpo sem alma. Tantas perguntas sem resposta que me são feitas só para me confundirem a mente e abrandarem o corpo.


Sinto a música percorrer-me o corpo e a graciosidade a invadir-me as veias. O meu corpo torna-se leve e flutuo ao som da melodia do amor.

dead roses


Hoje, desfiz as rosas que me ofereceste.
Desfi-las com cuidado, para não rasgar as suas frágeis pétalas, que guardei no meu quarto, enroladas em tecido vermelho, cor da paixão.
O seu aroma fora perdido, sabia-lo. Não cheiravam ao amor, só à solidão. Foi num ato de compaixão que as despi cuidadosamente, e olhei o seu núcleo, curiosamente.
O núcleo feio de uma rosa morta seria algo que ninguém quereria ver, certo? As primeiras pétalas de tão murchas estavam negras, e só depois de muita paciência ao arrancá-las, se chegaria à conclusão inevitável que se escondem pétalas ainda vivas, de cores belas e resplandecentes, que esperam alguém paciente o suficiente para as descobrir. Tantas picadas dos espinhos, tantos arranhões na pele, para quê? Para olhar algo morto e sereno, feio, escuro. 
Seria eu, também, uma rosa? Oh, que ridícula comparação. 
Afinal, quem quereria uma rosa com espinhos no lugar de pétalas?

3.3.12

happiness?


Momentos raros de inquebrável felicidade, forte como o aço, frágil como uma pluma. 
São, em lábios rosados e carnudos, concentradas a inocência e a instabilidade da mente humana. E é através deles que o coração se manifesta, quando o seu tamanho não é suficiente para albergar a explosão de energia que ocorre dentro dele. Energia positiva, sim, que um coração mutilado e em sofrimento não entende nem conhece, mas que o faz acreditar que todas as cicatrizes estão curadas. Oh, que inocência, que ingenuidade da sua parte!
Não, coração, não te habitues à felicidade. Aproveita-a enquanto te consome, mas não te agarres a ela, não esperes que ela te acompanhe  em todas as batidas. Sabes como é, sabes como somos: somos fracos, coração, e no entanto tão fortes, mas ambos sabemos que em breve toda a felicidade se voltará a desfazer em pequenas gotas, que me escorrerão pelos meus olhos negros, que me queimarão, de novo, a face. Não quero voltar a ter-te nas mãos, não quero sentir o sangue carregado de pesadelos, não quero ter de voltar a coser os mais pequenos pedaços do teu ser. Não quero voltar a sofrer, nem a fazer-te sofrer, porque não mereces isso, não depois de tudo o que passaste, depois de tudo o que passámos...
Vou ter cuidado, coração. Vou olhar por ti e proteger-te com a minha vida. Só te peço que sejas forte, meu coração, e eu serei também. Aconchega-te aí dentro e não te voltes a abrir. Não voltes a confiar, porque tudo parte, tudo se vai. Limita-te ao que temos e esquece o mundo.
Por ti, por mim, por nós.