1.7.12

alone in the night


Comecei a escrever e apaguei as palavras como se as tentasse afastar. E de novo o fiz, e novamente. 
Perdi a conta às lágrimas que deixaram um rasto ardente na minha face pálida e não sei descrever a cor exata das meias luas debaixo dos meus olhos. Nos meus lábios são abertas fendas como em mármore antiga. As minhas pestanas encharcadas pressionam a minha pele com força tentando parar as cascatas que brotam dos meus olhos, nos quais reina a escuridão.
Quando a tua presença não se manifesta o meu corpo parece reduzir o seu tamanho, mas não o suficiente para poder esconder-me num cantinho qualquer. Desta dor, desta mágoa, da mão gigante que me espreme o coração, que o esmaga, que o rasga até ficar sem sangue. Então por que razão não morro? Que propósito pode ter a minha vida insignificante para não me deixarem encontrar a paz?
Os meus demónios interiores ganham forma e força e, desta vez, não estás aqui para os combater. Uma espada flamejante não pende nas tuas costas nem uma lança mortal reside nas tuas mãos. Não estás aqui, não queres estar aqui. Vagueias sem mim nesse teu mundo à parte ao qual um dia pertenci... No qual um dia me quiseste.
Quando fecho suavemente os olhos, no silêncio da noite, consigo voltar a sentir os teus beijos apaixonados. Consigo sentir de novo a força com que a tua boca saboreou a minha e o meu corpo foi esmagado contra o teu, consigo reviver todas as emoções que me fizeste sentir...
Mas sempre que voltar a abrir os olhos, nada se fará sentir que não a tua ausência. Então porque não fechá-los para sempre?

2 comentários:

  1. Se dizes mais uma vez que não sabes escrever ou algo assim, podes ter a certeza que vou ficar chateado contigo, Inês.

    Adoro tanto.

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  2. porque há muito mais vida para além dele.

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