9.2.14

somos um


Estás em mim de forma tão presente que me custa a acreditar que seja real. Viajas pelo meu corpo usando o sangue como único meio e voltas ao coração tão depressa que pareces recear ser substituído enquanto não estás. Mas como poderia eu alguma vez substituir-te? Nunca existiria, tão-pouco, alguém que te pudesse substituir. Alguém que me pudesse fazer sentir desta forma, como se cada golfada de ar fosse estar a encher-me, outra vez, de vida, e não apenas outro suspiro cansado por não estar morta. Alguém que me fizesse tão sua, desta forma que tu encontraste de o fazeres, sem ser preciso eu dizer-te como, sem ser preciso um bilhete na mesa de cabeceira ou uma palavra sussurrada ao ouvido, sem ser preciso nada além de um olhar e um beijo, como aqueles beijos, aqueles beijos nos quais me amas e nos quais eu te amo a ti, cada um como se fosse o último, porque... e se fosse? Se eu perdesse o fôlego num beijo e não sorrisse nem abrisse os olhos, se me fosse assim tão facilmente, como as folhas na beira da estrada que não sobreviveram à vinda do outono? Mas não, porque, contigo, morrer assim nada mais era do que deitar a perder toda esta felicidade que me fazes sentir, todo este amor que me entregas. Morrer assim seria perder-te, que é pior que morrer, meu amor, uma vida sem ti seria muito mais dolorosa do que qualquer morte, e olha que muitas vezes eu já me deixei morrer. Mas não contigo, nunca contigo, porque do teu lado é diferente... Do teu lado há propósito, há força. É como sempre me disseram: quando há amor, há tudo. 
E eu tenho tudo quando te tenho a ti...