30.9.12

i miss you (V)


Penso ter finalmente afastado a dor, acredito ter trancado os montros numa caixa do aço mais resistente, ferro forjado com as técnicas dos antigos, à prova de bala, à prova do amor. É, pensei realmente que sim, até acontecer. Até soar em meus ouvidos a música que costumávamos cantar, aquela que me cantavas enquanto eu te esperava no topo das escadas, entravas em minha casa e encostavas-me à parede, a música que tantas vezes ouvi e que me traz sempre gotículas transparentes aos olhos negros. Até, na imensidão de plantas desconhecidas, um aroma me aflorar as narinas, aquele mesmo aroma que enchia o meu corpo de arrepios, o aroma que sentia enquanto o sangue em tuas veias pulsavam por baixo dos meus lábios húmidos, tua carne que eu desejava, pele quente que me enlouquecia de paixão, tu que foste tão meu. Até as gargalhadas de um casal feliz se fazerem ouvir por cima das vozes incógnitas, a felicidade mais pura que provei, contigo, mãos entrelaçadas, e éramos só nós, tão felizes, num mundo tão triste. Lembras-te? Tu que te foste e me levaste contigo, e eu que ainda espero por ti. 
Mas os momentos não voltam e tento sorrir como tanto gostavas, sorrir por tudo o que aconteceu, pelos risos e beijos, a amizade e o amor que partilhámos e não nos abandonou, não me abandonou, ainda vive em mim, acredita. 
Foram meses, foram anos, e parece que foi ontem que senti as faces arder quando os nossos olhares se cruzaram, numa noite quente de agosto.

29.9.12

note

Olá queridos leitores!
Repararam no novo design do blog? O que acham? Acho que mudei muito desde que o criei e, consequentemente, o estilo já não se aplicava tão bem aos meus textos. Achei este muito simples e até elegante, embora não tenha grande jeito para estas coisas, gostei do resultado. Podem também reparar que pus música! A minha seleção é de músicas calmas, as que acho melhor acompanharem o texto.
Deixem opiniões nos comentários, que eu tanto gosto de os ler.
Beijinhos!

27.9.12

"alguém aqui sofre do coração?"


Sim, stôr. Sim, eu, aqui, ondas ruivas apanhadas num elático branco que nem me pertence. Sim, eu, calças justas e pretas. Eu sofro, professor, mas não se vê. Os médicos não percebem, os meus pais não entendem, mas eu sofro. A cada segundo sem ele uma facada de dor dilacera-me os ventrículos, sou sufocada pelo desespero, e sabe o que dói mais, professor? É não saber, ignorar se quiser, quando o voltarei a ter, se voltarei a ter, e esta nova hipótese ainda me deixa mais angustiada, e só lhe quero ligar, só o quero ouvir mais uma vez... Mas não posso, tenho de ser forte, professor, mas sou tão fraca. Banhe-me em ferro, revista-me de mármore, não importa, a fraqueza não se vê mas eu sinto, sinto muito, infelizmente, porque arruina-me, destrói-me, mata-me sem eu morrer... 
Não consigo correr, professor, não me mexo tão-pouco, só se mexe o meu coração, esse de que sofro, espasmos de agonia, a dor angustiante, porque não morre? As pernas fraquejam, ameaçam deixar-me cair e eu? Só o vejo a ele, o meu pedaço de céu, está em todo o lado, doce miragem que não passa disso e desaparece tão depressa quanto  aparece, suspiros de frustração, lágrimas como lâminas a cortarem-me o rosto pálido, como as lâminas que me tiraram, e que me fazem falta, fazem-me tanta falta, mas é segredo, professor, não conte a ninguém, está bem?

26.9.12

broken


Dói mais do que alguma vez julguei ser possível, contorço-me com a agonia e tento não esticar a mão para o telemóvel, para o telefone, tento não te chamar, meu amor... Receio perder os pedacinhos do meu coração despedaçado, sangrento orgão maltratado, que to confiei ingenuamente, não vês que me destróis? Tento entender-te mas a minha compreensão não alcança a tua mente, tão longe, e estou tão cansada de lutar pelos dois, meu anjo, estou tão cansada de amar mais, estou cansada de tudo em que me tornei, de tudo em que nos tornámos. Eu tento, embora penses o contrário, tento e torno a tentar, caio e levanto-me, mas por mais que tente não consigo manter-me afastada, corro para ti, prendes-me a ti, e as lágrimas não param, fá-las parar...
Tua imagem no ecrã do computador faz-me levar as mãos aos olhos tentando impedir a chuva de desespero cair, inutilmente, claro está. Meus doces olhos, minha doce pele, meus doces lábios, tudo em ti é do mais doce que já provei, aroma banhado de mel e açucares exóticos, aroma que foi meu e aroma que não sei quando voltarei a provar, e logo agora que já me viciei nele... Endoideço de ciúme se imagino a possibilidade de outra te ter, vultos avistados de longe, beijos que foram meus, não, promete-me que não te entregarás a outra pessoa, porque eu já não consigo adormecer com o medo constante a puxar-me os cabelos, a arranhar-me a pele... E estás tão longe, e não te posso chamar, "mantém-te forte, não dês o braço a torcer", sim, falar é tão fácil, é fácil falar quando não se sente, é fácil quando não se ama, mas e eu? E eu, que amo tanto? 
Eu todos os dias morro um pouco por dentro.

24.9.12

how could this happen to me?


Dou pela minha mente a vaguear para aquilo sobre o que não queria escrever, o coração a apertar-se-me no peito, um burburinho nervoso a formar-se no meu âmago, os dedos que precisam de exercício, os sentimentos que precisam de ser libertados. Tenho de fazê-lo, perdoa-me, tenho de abrir as portas da gaiola que o meu coração passou a ser, tenho de deixar os sentimentos voarem sem destino... Tem de ser, meu amor, preciso disto, de um pouco de liberdade na minha vida tão controlada.
A dor é constante e não vai embora, por vezes distrai-se mas logo volta e não sei como a manter afastada. Procuro conseguir responder às perguntas, "o que se passa?" mas como posso, se nada parece certo? Tudo na minha vida parece estar mal e eu não tenho forças para fazer com que fique bem, os monstros não deixam... Os monstros que vivem em mim e ao meu redor, esses monstros que se chamam de gente, vis criaturas.
E tu que não me salvas como dantes, deixaste-me ao abandono e nunca me senti tão sozinha. Alguma vez sairei disto? Pensei estar a melhorar, pensei que a ordem finalmente se erguia como uma muralha em minha volta, mas como me pude enganar de tal forma? A verdade é que estou mais só do que nunca, perdida na imensidão do nada, mas não consigo livrar-me desta dor que me consome como um fogo avassalador, chamas azuis na falta de cor, na falta de qualquer coisa além da mágoa, e perco-me nestas palavras sem sentido, não encontro o que dizer, se calhar é melhor parar, de qualquer forma ninguém vai ler... Ou vai? Se estás aí, ajuda-me, toma-me em teus braços e leva-me daqui, faz-me princesa de teu coração outra vez, prometo que não te torno a magoar, peço-te, imploro-te na mais pura forma de desespero, por favor, não me deixes de novo...

17.9.12

nostalgia de teus beijos


Nunca os rastos vincados no meu rosto pelas lágrimas transparente percorrerão metade do caminho que vejo no caramelo de teus olhos. Encontro-me à janela sem saber o que vejo, sombras indistintas cruzam-se-me nos olhos sem que eu dê por isso, porque tudo o que vejo é o meu pedaço de céu, o anjo que não está. Onde te escondeste? Levas uma parte de mim contigo sempre que vais, e voltas sempre, ou, quando não voltas, eu encontro-te. Procuro-te sem fim, meu apaixonado, procuro-te até o sol deixar de brilhar, até o oceano secar e o universo não mais se expandir. Procuro o meu sonho, aquele que cada vez está mais longe, e eu não lhe chego... E quando o apanho? Escorre-me por entre os dedos, como a areia da praia onde me pegaste ao colo, onde escrevemos palavras na areia, palavras doces como compota de morango e chocolates suíssos, onde me fizeste voar e rir, chorar de felicidade por te ter tão perto. Quando te voltarei a ter? Não percebes, tu não vês? Só estou bem quando estou contigo. Quando o mundo perde a cor e pinceladas nos cobrem de felicidade, a mais pura alegria, o sentimento mais belo e escasso que já senti percorrer-me as veias, as veias salientes dos pulsos já sem marcas... 
Tu, que me salvaste mas não ficaste. Eu, que morro de saudades tuas a cada pulsar do coração. Tu, que te foste sem data de regresso. Eu, que espero que o destino me leve de volta a teus braços. Tu, que não estás, tu que sempre lá estiveste e te foste como as folhas de outono limpas pelo vento do norte.
Volta.