31.10.13

you're falling away


Tentei sacudir-te de mim. Como resultado consegui apenas que me agarrasses toda outra vez, cada pedaço de mim que nunca quiseste que fosse teu, estás em cada um deles. Por mais que te tente afastar, desprender-me de ti, deixar de te ter sempre presente no meu pensamento... Já é tarde. Deixei que fizesses parte de mim, deixei que entrasses no meu coração e agora não há forma de estacar a dor que causaste ao sair, dizendo que foi um erro, fui um erro?
Estás em mim da forma que eu quis estar em ti. Estás em todas as canções de amor que ouço, em todas as lágrimas que choro e em todas as gotas de chuva que vejo cair. E, quando não há chuva, estás no céu, céu esse que, mesmo assim, nunca conseguirá imitar a cor dos teus olhos. Será que é tudo por isso? Por esses olhos cor de mar que me enfeitiçaram desde o primeiro momento?
Não. É que, sabes, olhos azuis há muitos. Mas tu és raro. Todo tu és uma raridade e fascinas-me, a forma como me tiras as palavras, a forma como me fazes chorar, a forma como me deixas tão enraivecida que me dói o coração. Fascina-me a forma como me fazes sentir, sentir tão intensamente. E, ao mesmo tempo, sufoca-me. Por ser tão em vão, tão inútil, porque nada foi verdade e ainda assim eu acreditei, porque é que fui acreditar? Talvez porque te queria, porque te quero, mesmo sem te poder ter.
Mas és tudo o que eu queria.

21.10.13

ocean eyes (V)




Deixo-te ir embora,
pairando ,
nesse oceano 
que são os teus olhos,

Porque tudo o que 
te dei 
não chegou 
e já mais não 
te posso dar.

Então sai de mim.

20.10.13

ocean eyes (IV)



I took this really long,
                   nice,
                 hot,
 shower
to refresh my body
           and clean my soul.


As the water fell
against my skin,
       I washed my arms,
my legs,
     my face,
        my hair,
            and my mind.


But even after 
                         all of
               that,

as the tears streamed
               down my face,                    
   I realized.

I couldn't wash you
                     from my

                                   heart.

pale


Queria apaixonar-me por ti outra vez. Voltar a sentir a primeira borboleta na barriga quando me sorriste; voltar a respirar o teu cheiro e sentir a tua presença tão perto. Passaram-se oito luas, que mais se parecem a oito primaveras, e tu sabes tão bem a falta que me fazes, mesmo assim. Porque entraste na minha vida como uma estrela cadente, atingiste-me em cheio no coração, acordaste-o de novo. E agora? Não te quero deixar ir. Já sou tão tua, sem que tu sejas meu, mas sabes que te quero. Sempre te quis. Desde o primeiro olhar e talvez até antes disso, nos tempos remotos em que nos meus sonhos a única cor que figurava era um azul-mar. Aquele que só se encontra no mais fundo oceano, nas escamas mais brilhantes, nos tesouros mais escondidos. Não és vulgar. És tão mais do que pensas; e isso fascina-me - todo tu me fascinas. Mas mantenho este texto em segredo, pelo menos por agora. Pensei que fosse o que querias, mas, agora que escrevo estas palavras, dou-me conta de que não faço ideia do que queres. Mas tu sabes o que eu quero e sabes melhor ainda o que sinto. Tudo depende de ti.
Mas só se quiseres.

16.10.13

ocean eyes (II)


Gosto dos teus olhos. 
Fazes-me bem, e, para já, isso basta. Mas não me deixes, nem me tires nada, porque o pouco que ainda tenho é o que me mantém por cá. Não tires o brilho dos meus olhos tão negros nem a alegria do coração. Tira-me antes o frio do rosto e a secura dos lábios, e o resto deixo-te a ti, para que possas continuar a surpreender-me em tudo o que fazes, para que te possas dar-me a conhecer, mas aos pouquinhos. Quero desfrutar de cada bocadinho mais doce que vou descobrindo, e quero-te todo; mas temos tempo. Somos donos do tempo, agora. Do tempo e do mundo, que gira só a nosso redor. Então dá-me a mão e lê nos meus olhos as palavras que ainda não te disse.
Apaixonei-me por ti como quem tira uma foto, assim, do nada. Tentei capturar algo belo mas, quando o meu dedo encontrou o botão, já outra coisa se via, ao de longe, no fundo, banhado por chuvas frias e ventos salgados.
Amor.

dreamy



I wish I could just treasure
every single thing
                         you do
 and every single word
                             you say

I guess I'm just too busy
thinking of the things
                     you didn't do
 and the words
                       you didn't say

15.10.13

ocean eyes




Your eyes remind me of the ocean
               and make me forget how to swim.

They also remind me of the winter,
                                  and the rain,
and the cold wind 
that dances 
         with my hair.

Would you like to try it,
         too,
someday?

Don't worry, darling,

                                                                       I'll wait.

can't you see my crying?


É engraçado como as pessoas vêm e vão, como as ondas salgadas que beijam a areia da praia, por vezes, ao de leve, outras, apaixonadamente. 
Não, pensando melhor, não é engraçado. É, pelo contrário, negro. Sim, negro. Ou claro, se o preferirem. Sim, talvez o claro destaque melhor a ideia de vazio que as pessoas deixam em nós, assim, sem mais nada, depois de nos preencherem de cor, depois de pintarem todos os nossos sonhos com sorrisos. E dói, não dói? Oh, se dói. Mas fingimos que não, como eu tanto fingi; tanto fingi que, assim, deixou de doer. Passei a agrafar os cantos da boca em frente ao espelho para que o sorriso não escorregasse durante o dia, para que ele não caísse a meus pés como tantas vezes vi o meu coração cair. O meu coração, onde anda ele? Às vezes pergunto-me se não o perdi, ou se ele, de facto, se cansou de sofrer e partiu. Porque não o sinto, não dói mais. Não dói, mas também não sinto o calor nem a alegria, não o sinto a correr, mais depressa do que a luz - essa que eu pensava ter encontrado - para ti. Para ti, meu amor, meu eterno amor, que te foste tão depressa e de forma tão ilusória que por vezes penso se não foi tudo um sonho de lua cheia, desses que me fazem acordar com duas luas debaixo dos olhos, suores frios no rosto e lágrimas, lágrimas! E eu que pensava que não voltaria a chorar...
Oh, coração, por mais que tente impedir-me, acabo sempre a escrever-te a ti e só a ti.

5.10.13

nick


Ainda não tinha tido coragem de fazer o teu luto por estar demasiado magoada com a tua partida. Não sei tão-pouco se estás bem ou não, mas, desde que foste embora de vez que tenho morrido de preocupação. Talvez a culpa tenha sido minha por deixar que te afastassem, por deixar que fugisses constantemente e por não estar presente para te abrir a porta de todas as vezes que voltasses. O facto é que não pude dar-te tudo o que merecias e acabaste por te tornar no que eu mais receava. Sempre que voltavas magoado ou mais magro eu enchia-me de desculpas e tentava que ficasses em casa, mas nunca ficaste. Nunca esteve na tua natureza seres domesticado, mas sei que me amaste, pequenote, e eu também te amei. Mas despeço-me de ti com lágrimas nos olhos e esperando com todas as forças que estejas bem, onde quer que andes. Se não estiveres, então espero que tenhas gostado destes anos que passámos juntos, e desculpa não ter podido prolongá-los. Vou lembrar-me sempre de ti. Tenho 150 fotos para o fazer, mas, mesmo sem nenhuma, lembrar-me-ia sempre com lágrimas nos olhos. Talvez seja estúpido fazer um texto deste género para "um gato" mas é um peso que me sai dos ombros e do coração. E ambos sabemos que não és, nem nunca foste, só um gato. Amo-te para sempre.

um


Custa a querer que já se passou tanto tempo e, ao mesmo tempo, vejo-te como um sonho mais do que como uma parte do meu passado. Porque és mais uma parte de mim, do meu ser, do que da minha história. Estás em mim, em todos os meus movimentos, em todos os meus sorrisos, em todas as minhas lágrimas - oh, lágrimas, essas que caem só por ti. Mas pensas em mim? Ocupo algum lugar na tua mente, ou no teu coração, que um dia foi só meu? Lembras-te, tão-pouco, do dia que presenciámos há um ano atrás?
Não. Claro que não. Porque, sabes, foste embora. Foste-te e esqueceste-me em dias, semanas ou meses, enquanto que eu continuo a recordar-te com tristeza, nostalgia e saudade, dor, raiva e cólera. Eu continuo a ver-te nas gotas de orvalho que escorrem pela janela do autocarro, nas ruas cheias de ninguéns e nos primeiros acordes daquela nossa música. Vejo-te em mim quando me olho no espelho e talvez seja por isso que não goste do que ele me retribui. 
Quero que saibas que me encontro feliz. Nem sempre, nem completamente, mas de uma forma geral, feliz. Não choro até adormecer nem quero desaparecer. Se um dia passares por mim na rua sem que eu te veja, espero que te depares com um sorriso, com uma gargalhada ou com um cantarolar baixinho, espero que te lembres de quem sou eu, mas não me chames. Não corras para mim nem me fales, porque eu estou bem assim, e, mesmo que ainda te queira, sei que não te devo ter. 
Estás na parte mais escura de mim, mas eu vou acendendo as luzes. E se, quando durante uma tempestade, a luz for cortada, acendo uma vela ou duas.