25.1.12

scars - cap. III



Acordo com a t-shirt colada à minha pele, suada. Tenho lágrimas no canto dos olhos, e dói-me o corpo (e a mente). Estou ofegante, e olho para todos os lados, procurando o interruptor. Quando o encontrei, liguei a luz, e verifiquei que me encontrava repleto de arranhões nos braços, mãos e face. Num destes, arranhara-me até sangrar: por isso, os meus dedos estavam sangrentos. Procurei explicação na minha memória para esta cofusão, e a única que encontrei foi os pesadelos pelos quais fora consumido há menos de dois minutos. Volto a deitar a cabeça na almofada: será que ela merece tudo isto?
(...)
Engulo o pequeno-almoço em três dentadas, agarro na pasta e arrasto-me, lentamente, para a escola. De qualquer forma, esta é uma das manhãs nas quais não quero ficar na cama. Vejo os meus bro's na rua, cumprimento-os com graças sem sentido e apertos de mão, com os olhos despidos de qualquer ânimo.
Enquanto a stôra diz qualquer coisa inútil e desinteressante sobre Os Maias (que matéria mais secante!), a porta abre-se de fininho. Ouve-se uma  voz tímida:
- Bom dia stôra. Desculpe o atraso, mas não conseguia encontrar a sala. Posso?
- Sim, Mafalda, mas que isto não se repita. Escolhe um lugar.



Entro na sala cabisbaixa e envergonhada. Nunca quisera dar nas vistas, muito menos no meu primeiro dia. Quando a professora me manda entrar, os meus olhos param imediatamente no miúdo. Recordava-me dele, sim. Era o miúdo do cais... Como se chamava mesmo? João? Diogo? Bem, não interessa. Escolho uma mesa no canto, abstraída de todos os outros.
Vejo-o a olhar para mim por cima do ombro do seu casaco de cabedal, e a sussurrar algo para o colega de mesa. Sinto-me a corar, as minhas faces a arder. Mas não ia dar parte fraca, não. Tento concentrar-me no que a professora está a dizer, e, sobretudo, tirar apontamentos.
A rapariga à minha frente vira-se para trás, sem mais nem menos, e entrega-me um papelzinho. Abro-o discretamente, e não fico surpreendida com o seu conteúdo - deveria?
" Olá miúda. "
Amachuco o papel nas minhas mãos ásperas e ponho-o de lado. Foco a minha atenção na voz da prof, mas dois minutos depois, chega outro bilhete.
" Não estás para conversas, é? Não faz mal.
No fim da aula, atrás do pavilhão. Não faltes nem te atrases.
Tiago"
Sorrio sem me aperceber, e olho para ele. Pisca-me o olho, e vira-se para a frente.
Aprecio a maneira como o seu cabelo rebelde se move, quando ele se vira, selvagem.
Meu Deus, quem é este rapaz?

10 comentários:

  1. oh meu .. o.o adorei inês !

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  2. Comovi.me quando li o meu nome :')
    ainda não tinha referido mas a escolha das musicas está perfeita *0*
    amo amo amo amo !

    beijos ; mp ♥

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  3. awn , obrigada meu doce ( mafalda ) ♥
    e obrigada a todas as outras , vocês são a minha maior inspiração (:

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  4. - sua bitch , é a nádia .

    isto vai correr bastante mal se não publicares nada, beijinho.

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  5. de nada amor ; just saying the truth ♥

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  6. nádia , eu vou tentar quarta . agora tenho bué testes e tpc's , é difícil !

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  7. adoro, só me apetece ler mais e mais... (apenas não gosto do calão)

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