15.10.13

can't you see my crying?


É engraçado como as pessoas vêm e vão, como as ondas salgadas que beijam a areia da praia, por vezes, ao de leve, outras, apaixonadamente. 
Não, pensando melhor, não é engraçado. É, pelo contrário, negro. Sim, negro. Ou claro, se o preferirem. Sim, talvez o claro destaque melhor a ideia de vazio que as pessoas deixam em nós, assim, sem mais nada, depois de nos preencherem de cor, depois de pintarem todos os nossos sonhos com sorrisos. E dói, não dói? Oh, se dói. Mas fingimos que não, como eu tanto fingi; tanto fingi que, assim, deixou de doer. Passei a agrafar os cantos da boca em frente ao espelho para que o sorriso não escorregasse durante o dia, para que ele não caísse a meus pés como tantas vezes vi o meu coração cair. O meu coração, onde anda ele? Às vezes pergunto-me se não o perdi, ou se ele, de facto, se cansou de sofrer e partiu. Porque não o sinto, não dói mais. Não dói, mas também não sinto o calor nem a alegria, não o sinto a correr, mais depressa do que a luz - essa que eu pensava ter encontrado - para ti. Para ti, meu amor, meu eterno amor, que te foste tão depressa e de forma tão ilusória que por vezes penso se não foi tudo um sonho de lua cheia, desses que me fazem acordar com duas luas debaixo dos olhos, suores frios no rosto e lágrimas, lágrimas! E eu que pensava que não voltaria a chorar...
Oh, coração, por mais que tente impedir-me, acabo sempre a escrever-te a ti e só a ti.

2 comentários:

  1. escreves tão bem! adorei o texto, podia ter sido escrito por mim (se me conseguisse expressar tão bem). continua querida!

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  2. adorei. como sempre, aliás.

    badalhoca (:

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