5.10.13

um


Custa a querer que já se passou tanto tempo e, ao mesmo tempo, vejo-te como um sonho mais do que como uma parte do meu passado. Porque és mais uma parte de mim, do meu ser, do que da minha história. Estás em mim, em todos os meus movimentos, em todos os meus sorrisos, em todas as minhas lágrimas - oh, lágrimas, essas que caem só por ti. Mas pensas em mim? Ocupo algum lugar na tua mente, ou no teu coração, que um dia foi só meu? Lembras-te, tão-pouco, do dia que presenciámos há um ano atrás?
Não. Claro que não. Porque, sabes, foste embora. Foste-te e esqueceste-me em dias, semanas ou meses, enquanto que eu continuo a recordar-te com tristeza, nostalgia e saudade, dor, raiva e cólera. Eu continuo a ver-te nas gotas de orvalho que escorrem pela janela do autocarro, nas ruas cheias de ninguéns e nos primeiros acordes daquela nossa música. Vejo-te em mim quando me olho no espelho e talvez seja por isso que não goste do que ele me retribui. 
Quero que saibas que me encontro feliz. Nem sempre, nem completamente, mas de uma forma geral, feliz. Não choro até adormecer nem quero desaparecer. Se um dia passares por mim na rua sem que eu te veja, espero que te depares com um sorriso, com uma gargalhada ou com um cantarolar baixinho, espero que te lembres de quem sou eu, mas não me chames. Não corras para mim nem me fales, porque eu estou bem assim, e, mesmo que ainda te queira, sei que não te devo ter. 
Estás na parte mais escura de mim, mas eu vou acendendo as luzes. E se, quando durante uma tempestade, a luz for cortada, acendo uma vela ou duas.

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