21.3.12

scars - cap. VIII



Senti a sua mão fria na minha pele. Tão fria, tão pálida, tão morta, tão, tão... Enfraquecida e indomável, a minha flor-de-lótus. Baila as suas pétalas lindas ao sol, vai dançando sobre a água sem se deixar cair. Oh, que bela é a minha flor. Suas feições doces e firmes, puras e angelicais preenchem os meus sonhos de alegria, enquanto o seu elegante corpo de deusa completa as minhas fantasias secretas. 
Enquanto caminho com a minha flor pouco antes de entrarmos o portão da escola, vejo-a sorrir e olhar para o chão, e aperto-lhe a mão com mais força. Com uma volta de pouco mais de noventa graus encontramo-nos de frente um para o outro, e num segundo aperto o corpo que tanto desejo contra mim, e com ele também a sua alma, a alma mais bonita que alguma vez tivera o prazer de encontrar.
- Vamos chegar atrasados.
- Não te preocupes com isso - e sorri, sorri ao olhar as esmeraldas que tanto amava. Porque não lho tinha dito ainda? Não sei. Estragaria realmente alguma coisa, dizer-lhe o que me vai na alma? - Olha...
- Sim? 
Debato-me contra o nó na garganta e o nervosinho que me controla, até que sinto o meu corpo desistir daquela batalha:
- Tens razão. Vamos - e seguimos caminho.




Sinto um peso cair sobre o meu coração quando as palavras tão desejadas não vieram. Será que ele não se sentia seguro, será que não me amava? Dúvidas imensas percorrem o meu corpo que, só por si, não consistia em nada que ele parecesse querer. Oh, ele é tão lindo. O seu rosto de lutador é mais doce do que qualquer pessoa quer ver, e pelos seus olhos cor de âmbar vislumbrava uma alma que queria conhecer. Queria entrar no seu mundo, não como visitante, mas como algo constante. Queria ser o ar do mundo dele, essencial à sua vida. Queria o seu corpo, todas as suas formas que me enlouqueciam quando me tocava fosse como fosse, queria senti-lo apaixonado por mim. Demasiado para pedir?
Entrando na sala, soltámos as mãos e sentámo-nos lado a lado. Abrindo o meu caderno, comecei a escrever o sumário embora não me sentisse presente.
Quando o olhei, quando vi o seu cabelo selvagem a cair-lhe para a frente e tapar-lhe a visão, os seus olhos pousados na escrita, pensei porque me julgava capaz de ser portadora de uma felicidade tão preciosa como tê-lo só para mim. Como podia eu ser tão ambiciosa e doida a esse ponto? Humpft.
- Queria dizer-te uma coisa - sussurrei-lhe.
Ele lançou-me o seu olhar mais irresistível e vi os seus lábios doces a formarem um pequeno sorriso:
- Diz.
- Bem, eu já te quero dizer isto há muito, e, bem, não te consigo esconder mais - ia gaguejando isto com o olhar desviado, mas a minha voz que se torna aguda nas situações mais embaraçosas fugiu-me e fui interrompida pela professora:
- Vocês os dois, vão se calar ou vai ser preciso separar-vos?!
Calámo-nos. Mas vi-o rabiscar algo no canto do caderno, e espreitei, para me deparar com a sua letra preciosa a formar palavras que por mim foram imensamente desejadas: 
"Eu também te amo, flor."

5 comentários:

  1. Amei *-* Está lindo <3

    P.S.: É a Jéssica Pedro

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  2. LINDOOOOOOOOOOOOO *-*
    juro.te eu amo ler e acho que tu és mesmo fantástica , nunca me canso de ler novos capitulos escritos por ti , continua sff ♥

    by : mafaldap

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  3. gosto demasiado, dos melhores capítulos.
    tens o dom das palavras óh, devias mandar isto para uma editora [não estou a brincar]

    ass : náduxa xb

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