30.9.12

i miss you (V)


Penso ter finalmente afastado a dor, acredito ter trancado os montros numa caixa do aço mais resistente, ferro forjado com as técnicas dos antigos, à prova de bala, à prova do amor. É, pensei realmente que sim, até acontecer. Até soar em meus ouvidos a música que costumávamos cantar, aquela que me cantavas enquanto eu te esperava no topo das escadas, entravas em minha casa e encostavas-me à parede, a música que tantas vezes ouvi e que me traz sempre gotículas transparentes aos olhos negros. Até, na imensidão de plantas desconhecidas, um aroma me aflorar as narinas, aquele mesmo aroma que enchia o meu corpo de arrepios, o aroma que sentia enquanto o sangue em tuas veias pulsavam por baixo dos meus lábios húmidos, tua carne que eu desejava, pele quente que me enlouquecia de paixão, tu que foste tão meu. Até as gargalhadas de um casal feliz se fazerem ouvir por cima das vozes incógnitas, a felicidade mais pura que provei, contigo, mãos entrelaçadas, e éramos só nós, tão felizes, num mundo tão triste. Lembras-te? Tu que te foste e me levaste contigo, e eu que ainda espero por ti. 
Mas os momentos não voltam e tento sorrir como tanto gostavas, sorrir por tudo o que aconteceu, pelos risos e beijos, a amizade e o amor que partilhámos e não nos abandonou, não me abandonou, ainda vive em mim, acredita. 
Foram meses, foram anos, e parece que foi ontem que senti as faces arder quando os nossos olhares se cruzaram, numa noite quente de agosto.

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