27.6.12

rimas quebradas

Sinto o frio no pulso.
Tenho a morte na mão.
Sou rainha do gelo,
Quente como o verão
Desisti de tentar,
Do sonho de viver.
Deixei de orar
Quando vim a perder
O meu céu e o meu ar.

Sinto a chama no peito.
Tenho o gelo no olhar.
Sou doce como as nuvens,
Salgada como o mar.
Jurei a eternidade
A quem não me deu se não fins.
Amei intensamente,
Perdoei cegamente,
E em teus braços me perdi.

Sinto a melodia nos membros.
Tenho a música na alma.
Sou harmoniosa pianista,
Dispensável artista.
Cantei ao som da vida
Até a voz me morrer.
Toquei incansavelmente
Para, no princípio do fim,
Me cortarem as cordas e o som.

Sinto a tortura agonizante.
Tenho a caneta entre os dedos.
Sou, fui ou já fora
Poeta, atriz e escritora,
Dona de uma alma quebrada.
Mil rios de sangue chorei,
Os céus e a terra amaldiçoei.
A voz faltou-me, mas gritei,
Até que caí, exausta e vazia.

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