29.3.12

note to self


 Parva, ingénua criança, caíste outra vez. Quantas mais vezes precisarás de ser magoada até que aprendas a não confiar em ninguém?!
Este mundo, meu tesouro, não é para ti. Não mereces uma única batida do teu frágil coração, não mereces nem uma golfada de ar que os teus pulmões respiram. Essas tuas mãos gélidas não merecem tocar as flores suaves e delicadas que este mundo oferece, a tua boca amarga não merece saborear os doces frutos que crescem nas nuvens e a tua expressão horrenda não merece ser vislumbrada.
Mas se te foi concedido este dom de puderes pousar os teus pés nesta relva fofa e alegre, porque continuas a transformar essa relva em espadas metálicas que te atravessam a pele, estúpida mortal?!
Ah. Fazes-me suspirar de revolta quando te vejo refletida no espelho. Fazes-me querer magoar-te, castigar-te por te fazeres isso, por nos fazeres isto, por seres tu e não me deixares ser eu!
Obscenos títulos te atribuo na minha mente enquanto penso em como libertar-me deste corpo desfigurado que odeio com todas as forças. Não pertenço neste ser esperançoso de um mundo melhor, de uma vida maravilhosa cheia de flores e borboletas...
Não vai acontecer! Como te atreves, como te atreves, depois de tudo a que te submeteste, depois de tudo o que fizeste a ti mesma, como te atreves em pensar sequer em ser feliz? Como confias numa pessoa, como deixas que te magoem outra vez?
Espero que caias no abismo de uma vez, porque se não me podes libertar, pelo menos mata-me neste momento, enquanto não te possuo e altero por completo o mundo que conheces.
Inês (II)

2 comentários:

  1. adorei o texto, escreves lindamente!
    ps:és forte, és linda, admiro-te .

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  2. escreves mesmo bem doce :o

    ly , mafalda ♥

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