Agarro os meus braços com força e esfrego-os. O vento chicoteia-me a face e faz-me cerrar os olhos com força, sinto as pingas da chuva feroz a escorrerem do meu cabelo encharcado e as minhas pernas tremem. Com medo de desfalecer, busco abrigo numa beira de estrada, debaixo daquele pequeno pano que por vezes cobre as portas de cafés e bares e que, nesta circunstância, tinha sido deixado aberto por desleixo ou pressa do dono.
Sento-me no chão, abraçando as pernas e espirrando. Não, não, cala-te! Não faças barulho.
Este fim de tarde é tão silencioso quanto frio. Ninguém te vê, ninguém te conhece, ninguém sabe...
Tiro do bolso um pequeno clip que caiu da sua pasta durante a aula. Agora que penso nisto, estarei a envolvê-la? Serei eu um ser terrível ao ponto de envolver a minha amada em tão mesquinho ato?
Com uma perícia desenvolvida ao longo de anos, enfio o clip na fechadura e procuro o sítio certo, que pressiono, e a porta abre-se.
Faço de dois saltos o meu movimento para trás do balcão. Dois pães secos, um croissant duro e um bolo de arroz. Abrindo os armários, encontro duas fatias de queijo, assim como uma de fiambre, e bebidas que de há tanto tempo ali estarem, já seriam intragáveis.
Retiro um pouco de uma fatia de queijo, deixando marcas como as que um rato faria, e pego na outra inteira. Apenas um pouco de fiambre e um pão, ninguém notará a diferença, e uma água, chega.
Esteve sempre assim tão frio?
Ligo a música no máximo mal chego a casa e me fecho no quarto. Despediramo-nos cedo sob o pretexto da chuva e dos trabalhos de casa para amanhã. Nunca tivera tantos trabalhos de casa na minha vida, que escola mais estúpida.
Elimino estes pensamentos quando pouso a ponta dos dedos sobre os lábios e sinto o toque dos dele, outra vez. Haveria melhor sentimento?
Pondo-me em bicos de pés, procuro pôr em prática o que aprendera há tanto tempo, em aulas de ballet para miúdas de cinco anos, em que eles sempre me procuraram inscrever, e eu odiava. Ponho-me em bicos de pés e levanto os braços, suavemente, procurando a harmonia e a graciosidade que nunca tivera. Que tolice, o que raio estou eu a fazer? Mas nem por isso abandonei a minha posição de bailarina, começando a mover as pernas, saltitando levemente de um lado para o outro. Sinto a ponta do meu pé direito a tocar-me na perna que acabava no esquerdo, equilibrado em pontas. Sobe até ficar preso no joelho, momento no qual abro os braços e inclino-me para trás, fazendo o meu tronco dar uma volta de 360º e voltando ao início na perfeição, tudo isto ao som de heavy metal... e provavelmente da felicidade que me deixava doida.
Dançando como nunca antes dançara, acabo a tropeçar num objeto redondo e pequeno que se abre.
E as lâminas afiadas tocam-me, de novo, desta vez sem eu querer.
se eu dissesse, ' não gosto ' , era otária e não tinha razões, por isso, AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO e quero a puta do próximo capítulo
ResponderEliminarwith love,
nádia.
AMO !
ResponderEliminarJá há pouco a dizer , tá windooooooooooooooo *-* amo a forma especifica , promonorizada , cativante e realista com que escreves .
ResponderEliminarbeijos , mafalda pires ♥