4.3.12

dead roses


Hoje, desfiz as rosas que me ofereceste.
Desfi-las com cuidado, para não rasgar as suas frágeis pétalas, que guardei no meu quarto, enroladas em tecido vermelho, cor da paixão.
O seu aroma fora perdido, sabia-lo. Não cheiravam ao amor, só à solidão. Foi num ato de compaixão que as despi cuidadosamente, e olhei o seu núcleo, curiosamente.
O núcleo feio de uma rosa morta seria algo que ninguém quereria ver, certo? As primeiras pétalas de tão murchas estavam negras, e só depois de muita paciência ao arrancá-las, se chegaria à conclusão inevitável que se escondem pétalas ainda vivas, de cores belas e resplandecentes, que esperam alguém paciente o suficiente para as descobrir. Tantas picadas dos espinhos, tantos arranhões na pele, para quê? Para olhar algo morto e sereno, feio, escuro. 
Seria eu, também, uma rosa? Oh, que ridícula comparação. 
Afinal, quem quereria uma rosa com espinhos no lugar de pétalas?

1 comentário:

  1. apenas alguem capaz de perceber que sao as pétalas que fazem uma rosa bonita , mas sao os espinhos que a tornam forte .

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