Hoje, desfiz as rosas que me ofereceste.
Desfi-las com cuidado, para não rasgar as suas frágeis pétalas, que guardei no meu quarto, enroladas em tecido vermelho, cor da paixão.
O seu aroma fora perdido, sabia-lo. Não cheiravam ao amor, só à solidão. Foi num ato de compaixão que as despi cuidadosamente, e olhei o seu núcleo, curiosamente.
O núcleo feio de uma rosa morta seria algo que ninguém quereria ver, certo? As primeiras pétalas de tão murchas estavam negras, e só depois de muita paciência ao arrancá-las, se chegaria à conclusão inevitável que se escondem pétalas ainda vivas, de cores belas e resplandecentes, que esperam alguém paciente o suficiente para as descobrir. Tantas picadas dos espinhos, tantos arranhões na pele, para quê? Para olhar algo morto e sereno, feio, escuro.
Seria eu, também, uma rosa? Oh, que ridícula comparação.
Afinal, quem quereria uma rosa com espinhos no lugar de pétalas?
apenas alguem capaz de perceber que sao as pétalas que fazem uma rosa bonita , mas sao os espinhos que a tornam forte .
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