Acaricio-te levemente os cabelos selvagens e compridos, que nunca param onde deviam, e beijo-te a pele quente das costas.
Sou invadida por uma onda de calor e um sorriso desenha-se-me no rosto. Sim, desenha-se-me, porque não existe maior beldade neste mundo que não a arte para descrever o que senti naquele momento. Aquele momento em que teu corpo, reunião dos maiores talentos dos deuses que te construíram com tanta graça e perfecionismo, roda sobre si para os teus olhos ainda ensonados se encontrarem com os meus. E também os teus dentes, brancos como a luz do dia, perfeitamente alinhados, me saudaram alegremente.
Sinto os teus lábios suaves de encontro aos meus, aquela troca de sentimentos, mais do que de fluxos, aquilo que palavras não podem dizer, aquela imensidão de paz e calma que alimenta a árvore que cresce no coração dos apaixonados. Aquela árvore rara da qual só tu guardas as sementes: aquela árvore à qual gosto de chamar felicidade. E colhemos os frutos dessa árvore entre gestos e carícias, entre balbucios e suspiros. Entre toques inundados de carinho e apertos repletos de desejo, deixamos a pele de cobra, que todo o mundo vê, no chão frio de mármore, e partimos à descoberta um do outro, de novo, como um só ser.
O teu braço forte pousa-se no meu corpo, de súbito tão miúdo, e chego-me mais a ti. Provo o teu calor e sinto o teu aroma, ou será o contrário? Que importa. Nada importa, não contigo, não assim, não agora.
Oh, como seria maravilhoso que todas as manhãs começassem assim.